Trilha:
Não são seus inúmeros predicativos, ou muito menos as coisas que você me diz, que fazem todo nosso sentimento entrar em erupção e explodir dentro de nós, exalando uma paixão que queima feito lava. Não é a forma como você age sempre providencial, ou quando há esperança sente o baque dos dias maus. Não é a disposição em estar sempre disponível, mesmo que isso requeira adiar algumas reuniões e desmarcar compromissos. Não é presente caro, que eu aceito constrangida, sabendo que aquilo custou boa parte de suas economias. Não é a mão que entrelaça meus dedos, desde atravessar pro outro lado da rua até enfrentar o maior dos meus medos. Não são as coisas que a gente faz, ou as coisas que você diz. É tão somente como você me olha. Como você me enxerga no seu mundo.
Sei que milhões de pessoas já falaram que o silêncio de um olhar é a mais alta das declarações de amor. Mas não precisava ele dizer isso pra eu saber, ou melhor, sentir. Quando você me olha, meu coração grita, minha pele ouriça e ouço, em meio à multidão do que estou sentindo, um sussurro divino de que, dessa vez, deva ser amor. Deve ser amor, ou alguma droga parecida, dessas que entorpecem o juízo e dilatam as pupilas. Dessas que nos fazem dependentes da química mais fatal que o mundo já viu: a de estar apaixonado.
Porque amor e paixão, quando se fundem num olhar, é o pior dos vícios. É o olhar que fere e cura, no mesmo instante de tempo. E que faz cativo e deixa livre, no mesmo momento. É o contraste constante e alucinante, que provoca paz e desassossego, intercalados entre o beijo da chegada e o abraço da partida. É o jeito que você me olha, e como você me quer, como se quisesse mais a mim que a própria vida.
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