Trilha:
E quem tiver a coragem em dizer que amor é lógica, nunca amou ou deve ser um completo covarde. Achar que existe racionalidade no amor é triste. Que baita mentira essa dos racionais! Se vocês amam assim, do “jeito certo” que dizem falar, ou eu conheço outro amor, ou eu, mesmo velho, não aprendi a amar. Porque eu amo como um louco, varrido de qualquer sanidade. Eu amo como poucos, desprovido de qualquer amenidade. Eu, quando amo, fico cativo, feito refém do meu sentimento, fiel à lei de não se encantar por outro amor, nem mesmo por um momento. Sou leal à promessa, quase sempre trágica, de que dessa vez será bem mais tenro.
Meu louco amor não toca, fere. Arranha, vibra, maltrata. Meu louco amor ouriça a pele, semicerra olhos e a pupila, dilata. É um amor tipo caça, tipo selva, tipo chaga. Meu louco amor não tem gosto, tem sabor. Não suspira, é furor. Meu louco amor mora na rua, ou qualquer lugar que tenha uma ou duas doses de insensatez. Meu louco amor é ferida, que abre, mesmo depois de cicatrizada. É marca indelével no peito, nos ossos, na alma. Meu louco amor escarra. Tosse e espirra, feito uma doença mórbida. Dá náuseas, febre, fraqueza, vertigem, feito peste contagiosa. Meu louco amor é mórbido. Sorrateiro. Sagaz. Meu louco amor não ama com o coração, não ama com a alma, não ama com a lógica. Meu louco amor ama com as vísceras, com pelos, com poros, com saliva.
E o que sobra de mim? Bem, que eu sabia, não é outro amor. É parte oculta, escura. Porque desconheço outro amor, diferente desse delírio que não seja você— que não seja loucura.
#DQ111 #Espalheamorporaí <3
Comecei a ler agora os teus textos e estou gostando muito. Você escreve muito bem. Gostei muito desse #DQ 111, me identifiquei um pouco.