Custo do esquema estaria relacionando a repasses para manter posto de saúde que não existe
TURIAÇU (MA) – Uma consulta junto ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), do Ministério da Saúde, mostra que desde janeiro deste ano, já foram repassados aos cofres da Prefeitura de Turiaçu, cidade maranhense, que fica distante a 460 quilômetros de São Luís, R$ 1.241.689,34 (um milhão duzentos e quarenta e um mil, seiscentos e oitenta e nove reais e trinta e quatro centavos).
Segundo as informações, parte dos repasses foram destinados também para manter uma equipe do Programa de Saúde da Família (PSF) e a Unidade Básica de Saúde (UBS) do povoado Fortaleza, que há três anos não faz nenhum atendimento porque o estado precário de conservação provocou o fechamento do posto de saúde.
No entanto, o festival de irregularidades não parou por aí. A reportagem realizou um levantamento junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES) e constatou que mesmo sem funcionar, a UBS de Fortaleza aparece no sistema como ‘sempre aberto’ para atender pacientes em seu ‘horário de funcionamento’. Além disso, consta ainda que a última atualização cadastral foi no dia 27 de março deste ano.
Mesmo sem existir de forma física, a UBS aparece com um médico e mais dezessete servidores cadastrados. Ambos aparecem cumprindo uma ‘jornada de trabalho’ sem nenhuma alteração realizando, inclusive, procedimentos bancados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A reportagem descobriu que o posto do povoado de Fortaleza está sem funcionar desde 2016. Na comunidade, segundo depoimentos de moradores, não existe nenhum outro espaço para consultas medicas ou procedimentos ambulatoriais. Quando alguém precisa realizar consultas ou exames acabam sempre recorrendo ao Hospital Elvira Carvalhal, na sede do município. Os prejuízos com a fraude, em três anos, podem ultrapassar a cifra de R$ 2 milhões, segundo previsões de cálculos com base em dados disponíveis no sistema do FNS.
MAIS PACIENTES QUE HABITANTES
O levantamento mostrou ainda outras irregularidades graves. Turiaçu tem uma população de 32 mil habitantes, mas no sistema de cadastro do SUS o número de turienses com cartão é de 35 mil. Como os números não batem, existe a suspeita de que a diferença esteja atribuída a uma irregularidade cometida por quem é responsável pela emissão do cartão.
Especialistas que foram consultados pela reportagem explicam que, apesar dos 35 mil “turienses” cadastrados no SUS, o município só poderia receber recursos para o atendimento da população estimada pelo IBGE que é de 32 mil habitantes.
Uma investigação em curso pode culminar logo, logo numa série de prisões na cidade. No entanto, não sabemos se o caso esteja relacionado à suposta fraude contra o Sistema Único de Saúde (SUS) ou às denúncias das mortes dos bebês e pacientes que vieram a óbitos nos últimos dias em função de suposta negligencia no atendimento. A reportagem vai seguir apurando irregularidades na gestão de saúde do município turiense.
Assista:
Seguem documentos referentes à consulta junto ao Fundo Nacional de Saúde (FNS) dos recursos destinados a Turiaçu:
