Um ofício com cobrança ao governo, seguido de um recuo covarde do Hospital Aldenora Bello, teve como desfecho a garantia de recursos para a manutenção do Serviço de Pronto Atendimento (SPA), atendimento domiciliar, tratamento da dor e cuidados paliativos aos pacientes de câncer assistidos pela Fundação Antônio Dino. O acerto entre o governo e o hospital foi feito ontem, em uma reunião na Secretaria de Estado da Saúde (SES), com participação do Ministério Público.
Não foi a primeira vez que a Fundação Antônio Dino, mantenedora do Hospital Aldenora Bello, adotou postura acovardada na relação com o atual governo diante da iminente suspensão de atendimentos médicos por alegada falta de recursos. Como se o ofício divulgado e repercutido pela imprensa não contivesse o timbre da fundação e a assinatura do seu vice-presidente. Antônio Dino Tavares, a instituição tentou negar qualquer responsabilidade no caso, classificando como vazamento a publicização do teor do documento.
Coube ao governo tão somente chancelar a atitude do dirigente do hospital. Reconhecidamente hábil diante de situações embaraçosas, inclusive em casos de polícia e de Justiça, o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, rasgou seda na reunião, como se o impasse revelado pelo ofício não representasse ameaça à vida de milhares de pacientes de câncer que estavam desassistidos antes que as duas partes envolvidas sentassem à mesa.
A propósito, a promotora de Defesa da Saúde, Glória Mafra, também participou da reunião, disposta a cumprir sua missão constitucional de garantir direitos aos cidadãos. Mas, a julgar pela troca de afagos entre o governo e a fundação, que não esboçaram o menor sinal de crise, apesar da gravidade da situação, a presença da representante do Ministério Público foi desnecessária.
