Uma aula que reúne a história, a cultura e o meio ambiente em um local recheado de matas ciliares, achados arqueológicos, nascentes de rios e ruínas históricas. Foi assim que aproximadamente 25 estudantes, entre graduação e pós-graduação, tiveram contato, no sábado, 16 de julho, com as riquezas presentes no Ecomuseu Sítio do Físico, localizado no Parque Estadual do Bacanga. Os professores Leonardo Soares e Arkley Bandeira, do Departamento de Oceanografia e Limnologia, foram os organizadores das atividades que fazem parte das ações do Projeto Lagoa Nova.
Durante toda a manhã, alunos do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PPGSA), do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PPGCult), do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) e do curso de Oceanografia visitaram os sambaquis do Bacanga, região em que foram encontradas conchas deixadas por povos que viveram naquela região aproximadamente seis mil anos atrás. Outro local frequentado foi uma das nascentes do Rio Bacanga, onde puderam ser verificadas as características ambientais desse tipo de biossistema.
A aula prática também contou com a visitação ao Porto do Coelho, em que foram averiguadas as ações humanas, com a presença de construções irregulares dentro do parque e de esgoto in natura. Por fim, os acadêmicos conheceram as ruínas históricas do Sítio do Físico, espaço que, no final do século XVIII e início do XIX, abrigava a primeira indústria da região, com beneficiamento de couro e arroz e fabricação de cera e cal. Também conhecido por Sítio de Santo Antônio das Alegrias, o nome Sítio do Físico se dá pelo fato de ter sido propriedade de Antonio José da Silva Pereira, o físico-mor da Capitania Geral do Maranhão.
O Projeto Lagoa Nova foi criado em decorrência de uma parceria institucional entre a UFMA e o Ecomuseu Sítio do Físico. Como o objetivo é promover atividades que visem ao desenvolvimento sustentável dessa região, conhecida pela grande biodiversidade e patrimônio cultural material, a visita de sábado foi realizada com o intuito também de estimular a criação de trabalhos que contribuam com a proteção ambiental e a infraestrutura do local. Por isso o encontro também serviu para discutir a organização do I Seminário Integrador da Bacia Hidrográfica do Bacanga.
Até agora, já existem quatro projetos de pesquisa em andamento que versam sobre Área de Proteção Ambiental (APA), especialmente, sobre as potencialidades do Sítio do Físico e sobre o Rio Bacanga e seu atual estado de conservação. Durante a programação, os acadêmicos Denise Santigo (Prodema), Leonardo Serra (Prodema), Josiane Moraes Costa (PPGSA) e Mirlana Emanuele Portilho Rodrigues (PPGCult) apresentaram suas pesquisas.
Para Arkley Bandeira, também coordenador do Projeto Lagoa Nova, apesar do pouco tempo desde que foi criado, um pouco mais de um ano, o projeto já coleciona resultados. “Nós temos cinco projetos de mestrados produzidos aqui na área e mais dez de iniciações científicas. Também tivemos ações de extensão, como, por exemplo, um pouco antes da pandemia, uma ação para chamar atenção das autoridades na Barragem do Bacanga. Já fizemos um dia de limpeza na Sede Náutica da UFMA e trabalhamos com os bombeiros mirins. Além do mais, também damos apoio às articulações sociais aqui da região do Polo Coroadinho”, afirmou.
O professor Leonardo Soares destacou que todas as ações realizadas pelo grupo reafirmam o compromisso institucional da UFMA, a fim de atuar junto à sociedade no sentido de minimizar problemas e oferecer alternativas. “A Universidade precisa romper suas barreiras e é isso que nós estamos tentando fazer de forma permanente para levar aquilo que é produzido na Universidade efetivamente para a sociedade”, explicou.
Para um dos organizadores do Ecomuseu Sítio do Físico, Fernando Mendonça, a parceria com a UFMA representa um passo rumo à coletividade. “Eu fico muito entusiasmado com essa iniciativa da UFMA, porque temos um sonho aqui no nosso ecomuseu, com a nossa diretoria e todos aqueles que trabalham envolvidos nos processos comunitários, de que haja um desenvolvimento da comunidade. Isso significa dizer que é necessário que a Universidade se insira mesmo nesse projeto de extensão e que se permita conhecer com mais profundidade a sociedade como um todo, não só particularizando uma ou outra situação, mas buscar todos os campos de conhecimento que existem na Universidade para que realmente represente benefícios concretos para a sociedade”, defendeu.
Como visitar
Considerado um dos sítios arqueológicos do Brasil, o Ecomuseu Sítio do Físico era um espaço formado por um conjunto de tanques, poços, armazéns, cais, laboratório, rampas, telheiros e canalizações com caixa de distribuição para os tanques. Atualmente, é aberto à visitação de domingo a domingo, nos horários das 8h às 17h. É necessário agendamento para visita guiada por meio do Instagram @sitio_do_fisico. O local também está aberto para ensaios fotográficos.