O secretário de Estado de Administração Penitenciária, Sebastião Uchoa, pode estar sendo alvo de uma conspiração. O suposto complô teria como artífices membros de uma quadrilha que atua no sistema prisional do Maranhão. A intenção seria desestabilizar o novo gestor, conhecido por adotar medidas moralizadoras, que contrariam interesses do grupo que opera os mais diversos esquemas no ambiente carcerário.

O assassinato de dois detentos, ontem, no Presídio São Luís II, em Pedrinhas, e a exposição dos seus corpos no pátio do pavilhão foi interpretada como um recado da quadrilha. A intenção seria escancarar ainda mais à sociedade as dificiências do sistema prisional e impor desgaste à atual gestão perante a opinião pública e, principalmente, a cúpula do governo estadual.

O modus operandi é o mesmo de sempre: insuflar presos, oferecendo-lhes, muitas vezes, as condições necessárias para que cometam as mais diversas violações, tais como ameaças, assassinatos de outros detentos, fugas e rebelões. O objetivo, idem: manter o clima propício para a sobrevivência do esquema que, segundo denúncias, teria a participação não só de condenados, mas também de servidores públicos lotados nos presídios, chefões do tráfico ainda em liberdade e até políticos.

Apesar das qualidades que lhes são atribuídas, Uchoa enfrenta forte rejeição do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Maranhão (Sindspem). Antes mesmo de o delegado assumir a Sejap, a entidade divulgou manifesto repudiando sua futura nomeação, acusado-o de ter promovido todo tipo de assédio moral e de ter estabelecido o terror psicológico dentro do ambiente carcerário quando foi adjunto da pasta, na gestão do falecido ex-governador Jackson Lago (veja).

A relação hostil entre o secretário e a classe torna o clima ainda mais tenso no sistema penitenciário. E aumenta o poder de fogo da organização criminosa que há tempos transformou os presídios do Maranhão em verdadeiros barris de pólvora.

Foto: De Jesus/O Estado do Maranhão