A Prefeitura de São Luís alardeia aos quatro cantos, desde a semana passada, que quebrou o monopólio do transporte coletivo na área Itaqui-Bacanga. Uma conquista histórica, segundo declarou o próprio prefeito Edivaldo Holanda Jr (PTC). Holandinha também divulgou que agora os usuários de ônibus dessa região da capital contam com um serviço de melhor qualidade. Se a primeira afirmação soa exagerada, a segunda pode ser classificada, sem dúvida, como mentira.
Em relação à hipotética quebra de monopólio, a própria Taguatur, empresa que há décadas explora o transporte coletivo na área Itaqui-Bacanga, tratou de colocar os pingos nos is. Em nota, a companhia esclareceu que na verdade houve um acordo entre os consórcios que operam o serviço com vistas à melhoria do serviço na região, nada mais do que isso.
Ainda segundo a Taguatur, a inclusão das novas linhas, como a Vila Nova/Calhau, já estava prevista desde o ano passado. “O prefeito, vendo a necessidade de viabilizar, decidiu colocar em prática o projeto”, informou a empresa, desmentindo categoricamente Holandinha e seus porta-vozes.
Sobre a suposta melhoria da qualidade do transporte, mais um engodo. Os ônibus adicionados à frota que serve ao eixo Itaqui-Bacanga são verdadeiras sucatas. Pichações, bancos quebrados e com assentos rasgados são alguns problemas verificados nos veículos, o que impõe aos passageiros desconforto igual ao que já existia. Os usuários também reclamam da superlotação e que as novas linhas não entram nos bairros, obrigando-os a caminhar longas distâncias.
O desconforto se estende a motoristas, cobradores e fiscais, que não dispõem da mínima estrutura para trabalhar. Em meio à propaganda fantasiosa, a prefeitura não se preocupou em obrigar as empresas a instalar postos para abrigar os trabalhadores. Resultado: os profissionais passam a jornada inteira sentados nas calçadas e meios-fios, expostos ao calor e à chuva.
Não é de hoje que o transporte coletivo de São Luís deixa a desejar. A precariedade vem de outras gestões. Mas essas, ao menos recorriam a paliativos para amenizar o problema. Agora, nem isso.
Fotos: Flora Dolores/O Estado do Maranhão