Com mais de 12 horas de atraso, indígenas Akroá-Gamella, vítimas de prisão arbitrária no Maranhão, são liberados

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  • Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão
Os indígenas foram liberados graças à forte pressão exercida nas redes sociais, que levou a Seap a rever a medida

Com um grande atraso, os alvarás de soltura dos 08 indígenas Gamella chegaram à Unidade Prisional de Viana no início da tarde desse sábado (14h/20-11). A audiência de custódia foi encerrada às 21h de sexta (19/11). A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, após pressão nas redes sociais pelos Movimentos Sociais, agilizou o processo de soltura dos indígenas.

Mais cedo no sábado (ainda no sábado às 9h), o secretário de Direitos Humanos do Governo Flávio Dino, Chico Gonçalves, anunciou que os Gamella estavam soltos. Uma estratégia que o Governo do Maranhão utiliza para passar a ideia de comprometimento com os povos e comunidades tradicionais. “Constroem inverdades e anunciam amplamente pelas redes sociais”, denunciaram os Movimentos Sociais.

Os 16 indígenas Gamella (entre eles um agente da Comissão Pastoral da Terra) foram presos (quinta/18/11) após impedir funcionários da empresa Equatorial Energia de instalarem linhas de transmissão na área da aldeia Cajueiro, no território Taquaritiua, na Baixada Maranhense. A liberação da atividade foi concedida de maneira irregular pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (veja final do texto). A situação na região é tensa e piora com a demora do governo para demarcar o território Akroá Gamella, no Maranhã.

Criminalização por parte do Governo do Maranhão

Reunidis, índios Gamella reagiram por terem sido crimInalizados pelo governo estadual

O conteúdo repudiou também as notas lançadas pela empresa Equatorial, e pelo Governo do Estado do Maranhão, por meio da Secretaria de Segurança Pública, e da Secretaria de Direitos Humanos do Estado. “As secretarias lançaram notas criminalizando os Gamella, antes dos depoimentos terem sido tomados”, afirmou o documento dos Movimentos. É uma postura racista, autoritária e inaceitável”, disse o advogado da CPT, Rafael Silva. As notas do Governo utilizaram ainda trechos selecionados de outras notas, construindo uma narrativa que induz à criminalização dos Gamella, atende aos interesses da Equatorial e tira a responsabilidade da SEMA. Ao final citam a convenção de 169 como uma maquiagem discursiva.

Ainda em nota, o Cimi denuncia que o Estado do Maranhão vem tentando, desde o massacre de 30 de abril de 2017 sofrido pelo Povo Akroá Gamella, criminalizar o povo. Os esforços do estado são para imputar as acusações de destruição de patrimônio e roubo qualificado aos indígenas que, além de sofrerem violentas abordagens, ainda foram presos.

Indígena em posição de combate em meio ao conflito que resultou em prisões de membros da sua etnia

O advogado Rafael Silva, da CPT, contesta a tipificação de roubo, pois segundo ele, os indígenas devolveram a arma, que retiraram dos seguranças em legítima defesa. Durante o episódio, dois veículos da empresa foram queimados, o que fez com que os indígenas fossem enquadrados também por dano ao patrimônio, acusa a Equatorial. “As circunstâncias não estão claras” afirmou.

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