Com 73 mil unidades, a frota de motocicletas de São Luís se expande a um ritmo cada vez mais acelerado, impondo nova dinâmica ao trânsito da cidade. Se por um lado, esse tipo de veículo agiliza a locomoção dos seus adeptos, por outro, ajuda a ampliar as estatísticas de acidentes, em razão da imprudência. Pior para o sistema de saúde pública, obrigado a arcar com despesas geradas pela atitude insana que muitos assumem ao pilotar uma moto.
O número de motocicletas já corresponde a 23,56% do total de veículos automotores em circulação em São Luís, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Só nos últimos cinco meses, 3.194 delas foram emplacadas na capital. Em razão da elevada procura nas concessionárias e do contingente expressivo de candidatos a motociclistas nas auto-escolas, a tendência é que em um futuro não tão distante a proporção entre carros e motos se equipare na cidade.
Em relação à habilitação, 9.661 condutores possuem CNH da categoria A em São Luís, que permite conduzir exclusivamente motos. Outras 68.690 pessoas têm carteiras conjugadas, que as tornam aptas a pilotar motos e outros tipos de veículos. É um universo que só cresce, com destaque para o número de mulheres habilitadas: 912. O fenômeno é cada vez mais visível e seus efeitos são sentidos no dia-a-dia da capital, não raro na forma de acidentes graves e de variados atos de imprudência.
Os acidentes envolvendo motociclistas tornaram-se uma realidade tão cruel que alguns hospitais já dispõem de alas exclusivas para internar esse tipo de paciente. O custo para o sistema de saúde pública é altíssimo, o que compromete a realização de outras ações nessa área. Mais grave ainda é o sofrimento das vítimas, que muitas vezes adquirem seqüelas permanentes, como amputações, perdas sensoriais, entre outros danos que interferem dramaticamente na qualidade de vida.
Alheios ao perigo ao qual estão expostos, muitos motociclistas seguem cometendo todo tipo de barbaridade sobre duas rodas. E o que é pior, contam com a complacência das autoridades, pouco afeitas a ações preventivas, o que confere aos infratores certa permissividade. Daí, o que se constata é que se houvesse mais rigor dos órgãos de trânsito, muitas tragédias poderiam ser evitadas.
Os congestionamentos quilométricos registrados diariamente em cidades do porte de São Luís favorecem o aumento da frota de motocicletas. A facilidade de compra e a relação custo-benefício são outros estímulos à aquisição desse tipo de veículo. Mas, o que era para se reverter em benefício individual e coletivo acaba ganhando contornos trágicos, já que a sensação de vantagem vem associada à imprudência.
Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão