Poucas vezes se viu na história política, não só do Maranhão, mas de todo o Brasil, um vice tão afinado com o titular do cargo. Disposto a obter a indicação de Flávio Dino (PSB) na eleição ao Palácio dos Leões, em 2022, Carlos Brandão (PSDB) colou de vez no governador, que, por sua vez, o acolhe como se este já contasse com seu apoio para sucedê-lo. Porém, não é bem assim.
Uma prova do protagonismo de Brandão na agenda política de Flávio Dino pode ser vista nessa segunda-feira (20), na cerimônia de entrega de ambulâncias a prefeituras maranhenses, realizada no salão de atos e na área externa do palácio. Sempre ao lado do governador e recebendo deste total atenção e espaço para ocupar os holofotes, Brandão fez pose de favorito e aproveitou cada segundo de aparição para reforçar tal imagem.
Talvez os últimos movimentos do senador e também pré-candidato ao governo, Weverton Rocha (PDT), tenham levado Flávio Dino a trazer Brandão mais para junto de si e dar a entender que as chances do vice na disputa pela indicação palaciana aumentaram.
O pedetista há tempos já turbina sua pré-candidatura e no último fim de semana liderou um grandioso ato político em Pinheiro, quando reuniu parcela expressiva da população do município e de outras cidades da região, além de aliados de peso, com e sem mandato. Tamanho cacife parece ter mexido com o governador, ainda disposto a ditar os rumos da sua sucessão, embora muitos já considerem tal pretensão um devaneio.
Com o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) praticamente descartado como indicado à sucessão por Flávio Dino, tendo em vista os seus últimos movimentos, a tendência é que as opções de apoio do governador se resumam a Brandão e Weverton. E ambos já não escondem suas estratégias para tentar se viabilizar.
Enquanto o vice-governador tenta emplacar seu nome na base da aproximação e da conquista de confiança, o senador busca mostrar que tem muito mais densidade política. À frente de uma caravana que promete percorrer todas as regiões do Maranhão, o senador já está em plena corrida pelo voto, antecipação que pode ser um trunfo, mas também já começa a ter implicações junto ao Ministério Público Eleitoral e à Justiça Eleitoral.
Cada vez mais pressionado pelos líderes que integram a sua outrora harmoniosa base e agora almejam o seu lugar, Flávio Dino vai se rendendo às circunstâncias. E, por isso mesmo, já não controla mais nem mesmo o seu destino político.