Decretada a pena de morte do Carnaval de Passarela em São Luís

6comentários

EUCLIDES MOREIRA NETO (*)

Euclides: ainda há tempo de realizar o Carnaval de passarela
Euclides: ainda há tempo de fazer o Carnaval de passarela

A decisão das Escolas de Samba e dos Blocos Tradicionais de São Luís de não desfilar na passarela do samba é uma atitude burra e impensada, pois a razão de existir de uma agremiação carnavalesca é o desfile no período carnavalesco. Sem essa ação, a entidade que se diz carnavalesca pode mudar de foco, pois de Carnaval não há razão que justifique sua existência.

Independente dessa vertente, é lamentável, também, que no ano em que os blocos tradicionais receberão do Ministério da Cultura o título de Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil (o processo de reconhecimento foi aberto em outubro do ano passado) as agremiações deixem de desfilar na Passarela do Samba, numa grave atitude de desprestígio para si próprio e para o público que admira essa manifestação cultural, que é única no cenário cultural brasileiro, e que dá à capital do Maranhão um status privilegiado.

Escolas de samba, blocos tradicionais, blocos organizados, turmas de samba, alegorias de eua, tribos de índio, blocos afros ou qualquer outra manifestação cultural não são palanque político e não podem ser manifestações que fiquem à mercê de grupo ou grupelhos que se utilizam da cultura popular para tirar benefícios próprios e as deixam num plano inferior de prioridade. Isso acontece, principalmente, pela ganância de alguns  produtores culturais, que se dizem “líderes” de movimentos culturais e que tiveram seus interesses financeiros contrariados.

A crise ou as crises que possam abalar a produção dos diversos grupos que compõem os ciclos carnavalescos ludovicenses, neste momento de dificuldades administrativas e financeiras, deveriam ser bandeiras de luta e resistência para que seus seguidores não deixassem que essas manifestações morressem. Pelo contrário, é nessa hora que os seus militantes, inspirados na criatividade, que o próprio carnaval requer, teriam que se espelhar na fantasia carnavalesca e abstraír focos de resistências e motivos de superações para que o desejo do povo continuasse vivo, efervescente e atuante no meio comunitário, enraizando-se cada vez mais no imaginário popular. Esse tipo de ação deixaria longe a possibilidade de enfraquecimento  da cultura carnavalesca e a manifestação momesca não seria ameaçada pela escuridão.

Lamentável a falta de compreensão e interesse daqueles que se dizem “líderes” dos segmentos envolvidos com esse ciclo cultural. Agora é o momento de resistência e superação dos verdadeiros amantes do Carnaval, para mostrar aos que detêm o poder de decidir sobre políticas públicas e/ou outorgar subvenções financeiras, para auxiliar na produção desses grupos. Agora é a hora de mostrarmos que as dificuldades podem ser superadas, pois o desejo popular sempre será maior que a ganância dos sugadores das manifestações culturais da ação popular.

Se o quadro do desmonte da infratestrutura carnavalesca se concretizar, estaremos penalizando não somente os simpatizantes das diversas manifestações culturais do Carnaval maranhense, mas a própria cidade, que já tem um currículo de desconforto administrativo em diversas áreas, tais como proibição de banho nas principais praias da capital, assédios de trombadinhas no Centro Histórico, má conservação de seu patrimônio arquitetônico e cultural, mobilidade precária de suas avenidas e ruas, entre outros, que prejudicam não somente nossa imagem de cidade patrimônio cultural da humanidade, mas a própria tradição de hospitalidade maranhense, jogando no lixo qualquer ação que tente programar uma política turística para nossa região, tentando transpô-la num destino de potencial cobertura.

Ainda há tempo de se voltar atrás e dar a volta por cima. Basta que todos tenham um pouco de lucidez e bom senso, Caso contrário, estamos decretando a morte do Carnaval de passarela em São Luís.

(*) Professor-mestre do Curso de Comunicação Social da UFMA, jornalista e produtor cultural.

6 comentários para "Decretada a pena de morte do Carnaval de Passarela em São Luís"


  1. WILLIAM MORAES CORREA (GRUPO FOLIOES)

    Não será pena de morte. não. Basta se organizarem mais, se estruturarem melhor, trabalharem o ano todo, não ficar na dependência do poder público. É difícil, mas quem disse que seria fácil? Carnaval de passarela é um espetáculo, e para tanto é preciso de organização, mobilização, que os produtores, investidores e artistas estejam preparados e treinando, exe4rcitando. Carnaval não é só passarela, é festa popular nas ruas. Os blocos são das ruas, as escolas de samba do Maranhão surgiram nas ruas. Ficar o ano todo de braços cruzados, deitado no sofá, esperando o dinheiro cair a conta para vestir uma roupa pesada re brilhosa e passar alguns minutos em uma passarela, torrando preciosos recursos, é algo que não compete mais no século XXI. Se no Rio de Janeiro, onde a estrutura é estupenda, as escolas estão buscando recursos fora do país, quanto mais aqui. Que sirva de lição. Querem que o poder público dê tudo – e cada vez mais alto fica o gasto, mais grupos surgem com a intenção de abocanhar a fatia do bolo, que não cresce, por que não é adicionado fermento. Poucos os grupos que realmente contribuem para o engrandecimento da cultura popular. É preciso repensar, organizar a casa. Se o Estado já cortou o recurso pela metade (apesar de que vai trazer artistas caros de fora), o que dirá o Município, iniciando uma conturbada gestão. Se não haverá desfile de passarela esse ano é por causa da gestão pública, dos artistas, dos grupos, do empresariado, da população, de todos, afinal. E os blocos tradicionais, em especial, ao serem reconhecidos como patrimônio imaterial do Brasil o conseguem por mérito, não por causa de passarela. E, no final, Não será a pena de morte, mas o recomeço.

  2. severino

    Meus parabens prefeito Edvaldo, isso é mostra compromisso com essa cidade q esta um caus,a saude e educação é muito mais importante.carnaval tem q ser financiado é pelo setor privado.decissão sabia meus parabens

  3. MARCIO

    Drs já que sentenciou o CARNAVAL, POR QUE NAO TIRA DINHEIRO DO TEU BOLSO, PARA BENS PELO SEU DESEMPENHO NA GESTAO PASSADA, MAS AGORA É HORA DE FICAR CALADO. SEU TEMPO DE REI ACABOU.

  4. RAIMUNMDO CALCADA

    O EUCLIDES FEZ UMA BELA ADMINISTRAÇÃO. A CULPA É DA GESTÃO MUNICIPAL, QUE COLOCOU A FUNC NESSE ESTADO. ALIÁS, ISSO JÁ VEM DE OUTROS ANOS. ELE, EUCLIDES, FEZ O QUE PÔDE. QUANTO AO CARNAVAL DE PASSARELA, VAMOS SOBREVIVER (E MUITO BEM) SEM ELE. ESSE POVO LOUCO POR COMPETIÇÃO VAI CRIAR JUÍZO E REPENSAR O QUE FAZ. QUANTO AO ESTADO, NÃO DEVERIA TRAZER TANTA GENTE DE FORA E CONTRATAR TANTO O BICHO TERRA.

  5. ISSO SERVE DE EXEMPLO PARA O GOVERNO DO MARANHÃO E MP

    Cachê de Ivete Sangalo em inauguração de hospital no Ceará é contestado pelo Ministério Público

    O cachê do show de Ivete Sangalo para a inauguração do Hospital Regional Norte (HRN) Dr. José Euclides Ferreira Gomes Júnior, marcada para as 18h desta sexta (18) em Sobral (233 km de Fortaleza), está sendo contestado pelo MPC (Ministério Público de Contas) do Ceará. A apresentação deve custar R$ 650 mil aos cofres do governo do Estado. Sobral é a cidade natal do governador Cid Gomes (PSB). O TCE (Tribunal de Contas do Estado) acatou a petição do MPC, ingressada na última terça-feira (15), e determinou que a Casa Civil “se abstenha de efetuar o pagamento”. Apesar da determinação do TCE de não efetuar o pagamento do show, tanto o governo do Estado quanto a assessoria de Ivete Sangalo informaram que a apresentação está mantida. O TCE afirmou ainda que o governo do Estado deve apresentar “três propostas pertinentes ao ramo de atividade em contratação para que se possa demonstrar a justificativa de preço.” Devido as férias coletivas dos membros do TCE foi determinado que não seja efetuado o pagamento a Ivete Sangalo até que “se demonstre o cumprimento de todos os requisitos legais e que apresente novos esclarecimentos, juntamente com a devida documentação, que evidenciem que o cachê pago à artista em recentes contratações, tanto pelos órgãos públicos, como na iniciativa privada, se assemelham a proposta apresentada de R$ 650 mil.” Sem resposta O UOL entrou em contato com o governo do Ceará e foi informado pela Casa Civil que a administração estadual só vai se pronunciar sobre o assunto quando receber notificação do MPC, o que até agora não havia ocorrido. A Casa Civil não respondeu sobre os questionamentos de como foi a escolha da artista para participar do evento, a justificativa do valor cobrado, nem tampouco se manterá a apresentação na programação. O UOL entrou em contato com a assessoria de Sangalo, nesta sexta-feira (18), para que prestasse esclarecimento relativo ao valor cobrado do cachê da artista tanto no mês de janeiro e no Réveillon, mas foi informado de que a cantora não tem nada a declarar sobre o assunto.

    Leia mais em: http://noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2013/01/18/cache-de-ivete-sangalo-em-inauguracao-de-hospital-no-ceara-e-contestado-pelo-ministerio-publico.jhtm

  6. Walter Costa

    É triste quando se ver uma pessoa do carnaval que passou quatro anos a frente da FUNC, falar em decretada a pena de morte do carnaval de passarela, quando em sua gestão nenhuma discussão em montagem da passarela definitiva foi defendida, só se preocupou com o seu brinquedo a Gloriosa Favela do Samba em detrimento das demais agremiações, de qualquer jeito para levantar o trofeu de campeã, é indiscutivel que dentre os titulos houve merito e outro apenas a mente doentil para satisfazer o seu desejo pessoal, um dia a corda iria partir e o momento é de organizar em condições de igualdade com gestão seria e competente, falar quem já passou e nada fez, o que ele deveria fazer era explicar a divida da FUNC de 15 milhões. É melhor calar e refletir.

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS