Divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a atualização do cadastro de empregadores brasileiros flagrados utilizando mão de obra escrava mostra o Maranhão como o quarto estado com maior número de escravistas – 30 ao todo. Em dezembro de 2011, o Maranhão aparecia na ‘lista suja’ do trabalho escravo com 22 empregadores – houve, portanto, um crescimento de oito nomes. Na liderança do ‘ranking’ nacional segue o Pará, com 71 nomes (aumento de 11 empregadores, em relação ao fim de 2011). Mato Grosso vem no 2º posto, com 61 empregadores listados (acréscimo de 42 nomes; tinha 19 na atualização de 2011). Goiás, com a inclusão de 30 empregadores (tinha 19 em 2011), é o terceiro estado brasileiro com mais escravistas (49 ao todo). A ‘lista suja’ do trabalho escravo conta atualmente com 410 nomes.
O município de Santa Luzia do Tide (a 294 quilômetros de São Luís) aparece na lista com o maior número de ocorrências – oito no total. Na sequência, aparece Açailândia, com sete empregadores; Bom Jesus das Selvas (3); Carutapera (2); Bom Jardim (2); Peritoró (1); Maracaçumé (1); São João do Caru (1); Santa Inês (1); Bela Vista do Maranhão (1); Governador Archer (1); Governador Edison Lobão (1) e Codó (1).
A maior parte das autuações do MTE – mais de 20 – ocorreu em fazendas de criação de bovinos para corte e produção de leite. Carvoarias de Açailândia e Governador Edison Lobão e fazendas de cultivo de milho de Bom Jesus das Selvas e Santa Luzia também foram autuadas. Um total de 518 trabalhadores foi libertado nos 30 locais relacionados no ‘listão’ maranhense do MTE.
Mantida pelo MTE e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), a ‘lista suja’ do trabalho escravo é considerada uma das mais importantes ferramentas na luta pela erradicação da escravidão contemporânea no Brasil. A atualização de dezembro foi marcada pela reinserção da construtora MRV, uma das maiores do país.
A atualização evidencia a relação entre superexploração de trabalhadores, violações de direitos e devastação ambiental. Chama a atenção o número de inclusões de pecuaristas e de envolvidos na produção de carvão, dois setores em que flagrantes de escravidão têm sido recorrentes nos últimos anos. Como nas últimas atualizações, nesta também entraram políticos.
A relação tem especial importância porque serve como parâmetro para bancos na avaliação de empréstimos e financiamentos e para empresas na contratação de fornecedores. As signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, acordo que reúne alguns dos principais grupos econômicos do país, comprometem-se a não realizar transações econômicas com os empregadores que têm o nome na relação.
O nome de uma pessoa física ou jurídica é incluído na relação depois de concluído o processo administrativo referente à fiscalização dos auditores do governo federal e permanece na lista por pelo menos dois anos. Após esse período, o empregador sai da relação se garantir que regularizou os problemas e quitou suas pendências com o governo e os trabalhadores.
EMPREGADORES DO MARANHÃO NA ‘LISTA SUJA’ DO TRABALHO ESCRAVO*
1. AB de Carvalho (Fazenda Nativa 3; Santa Luzia do Tide)
2. Adailto Dantas de Cerqueira (Fazenda São Jorge; Santa Luzia do Tide)
3. Agenor Batista dos Santos (Fazenda União; Açailândia)
4. Alcides Reinaldo Gava (Fazendas Reunidas São Marcos e São Bento; Carutapera)
5. Alsis Ramos Sobrinho (Carvoaria do Alsis; Açailândia)
6. Antônio Aprígio da Rocha (Fazenda Barro Branco; Santa Luzia do Tide)
7. Antônio Barbosa Passos (Fazenda Reluz; Bom Jesus das Selvas)
8. Antônio das Graças Almeida Murta (Fazenda Lagoinha, na BR-222; Açailândia)
9. Antônio das Graças Almeida Murta (Fazenda Lagoinha, na Rua Rio Grande; Açailândia)
10. Antônio Erisvaldo Sousa Silva (Fazenda Pampulha; Açailândia)
11. Antônio Fernandes Camilo Filho (Fazenda Lagoinha, na BR-222; Bom Jesus das Selvas)
12. Antonio Fernandes Camilo Filho (Fazenda Lagoinha, na Zona Rural; Bom Jesus das Selvas)
13. Antônio Gonçalves de Oliveira (Fazenda União; Carutapera)
14. Antônio Vieira Fortaleza (Fazenda Boa Esperança; Bom Jardim)
15. Elizeu Sousa da Silva (Fazenda Santo Antonio; Açailândia)
16. Esperança Agropecuária e Indústria Ltda (Fazenda Entre Rios; Maracaçumé)
17. Francisco Costa da Silva (Fazendas Asa Branca 1 e 2; São João do Caru)
18. Francisco Gil Cruz Alencar (Fazenda Coronel Gil Alencar (Gilrassic Park); Santa Inês)
19. João Feitosa de Macedo (Fazenda J. Macedo; Bela Vista do Maranhão)
20. José Celso do Nascimento Oliveira (Fazenda Planalto 2; Santa Luzia do Tide)
21. José Edinaldo Costa (Fazenda Palmeiras; Santa Luzia do Tide)
22. José Egídio Quintal (Fazenda Redenção; Açailândia)
23. José Rolim Filho (Fazendas São Raimundo e São José; Peritoró)
24. Lidenor de Freitas Façanha Júnior (Fazenda Maria de Jesus; Governador Archer)
25. Max Neves Cangussu (Fazenda Cangussu; Bom Jardim)
26. Nyedja Rejane Tavares Lima (Fazenda Thâmia; Santa Luzia do Tide)
27. Ramilton Luís Duarte Costa (Fazenda Terra Bela; Governador Edison Lobão)
28. Roberto Barbosa de Souza (Fazenda Barbosa; Santa Luzia do Tide)
29. Rui Carlos Dias Alves da Silva (Fazendas Agranos/Sanganhá/Pajeú; Codó)
30. Vilson de Araújo Fontes (Fazenda Cabana da Serra; Santa Luzia do Tide)
Fonte: Oswaldo Viviani/Jornal Pequeno
A fonte da matéria não é a Fetaema. Saiu no Jornal Pequeno de domingo (6) e o autor é o jornalista Oswaldo Viviani.
Resposta: deesculpe, companheiro. Farei a correção. É que a matéria me foi enviada pela Ascom da Fetaema.
De vez em quando eu me sinto envergonhado do meu querido estado Maranhão. Pôxa meu, chega de tanta miséria, cadê as nossas autoridades que não vêem essas coisas. hoje mesmo assistir no Jornal da TV mirante, um reportagem de trabalhadores que se deslocam a outros estados, para trabalharem em serviços subvalorizados. Não estou com isso menospresando os trabalhadores que desenvolvem certas atividades, mas o que me intriga é que a maioria dessa classe é só do Maranhão. Até quando???? até quando???
Essa situação está longe de acabar no Maranhão Daniel. É muito triste. A justiça tem que fazer alguma coisa!
Resposta: lamentável, Dudu. Abraço, meu caro.