A Associação Comercial do Maranhão (ACM) fez um apelo à Prefeitura de São Luís, via ofício, cobrando a solução de problemas que há tempos vêm tornando caótico o espaço formado pela Rua Grande e vias adjacentes e que a cada fim de ano se mostram mais graves. Entre os incômodos que prejudicam o desempenho do comércio e, de quebra, causam transtornos aos consumidores a ACM lista a falta de infraestrutura, poluição sonora, invasão de camelôs, insegurança, limpeza pública precária, dificuldade de estacionamento, entre outros inconvenientes que tornam aquele ambiente inóspito.
Com a infraestrutura cada vez mais degradada, a Rua Grande, principal via do comércio da capital maranhense, há tempos precisa de uma ampla reforma. A necessidade, no entanto, vem sendo ignorada pelos sucessivos prefeitos eleitos para governar a cidade, apesar de a situação já ter sido exposta inúmeras vezes pela imprensa e pela própria classe empresarial.
Em meio à omissão municipal, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) elaborou um projeto de revitalização da via, que contempla a transferência das redes elétrica e telefônica do logradouro para uma passagem subterrânea, além de melhorias no calçamento, passeio público e recuperação de prédios tombados. Sua execução, no entanto, depende de recursos ainda não alocados. A própria ACM concebeu seu projeto, datado de 2005, mas o mesmo não passou da fase de discussão.
A poluição sonora também compõe a lista dos principais problemas observados na Rua Grande e arredores. O barulho produzido por aparelhos de som destinados ao uso publicitário, associado ao ruído causado pelo vai-e-vem de pessoas e veículos, que em outras épocas já incomoda muito, chega a níveis insuportáveis a cada fim de ano, quando o fluxo de movimento atinge seu ápice. Diante de um transtorno tão sério, a necessidade de intervenção das autoridades é urgente. Infelizmente, na prática, nada é feito para coibir esse mal.
A invasão do Centro por camelôs, grande parte de origem asiática, e, mais recentemente, vindos de outros países da América do Sul e de outros estados brasileiros, é mais um problema para o comércio. Lojistas acusam os comerciantes informais de impor concorrência desleal aos estabelecimentos regulares e de lesar os consumidores com a venda de mercadorias de origem duvidosa. Por causa desse abuso, a ACM já apelou inúmeras vezes ao poder público municipal para que disciplinasse a presença dos ambulantes na área, sem sucesso, e agora reitera o pedido.
O trânsito é outro item a compor o cenário de caos observado no Centro de São Luís. Mesmo com o excesso de veículos, as dimensões reduzidas das vias e a escassez de vagas de estacionamento, não se vê uma atuação efetiva das autoridades para dar ao tráfego o mínimo de organização. O resultado da omissão é uma sucessão de problemas, desde congestionamento e furtos em carros a ameaças desferidas por flanelinhas a motoristas. Nesse caso, o apelo da ACM torna-se dramático, tamanha a gravidade da situação.
A tendência é que até o Natal os problemas do Centro continuem se agravando, já que é nula a possibilidade de a administração municipal responder positivamente ao pedido dos empresários, tamanha a apatia que marca estas últimas semanas do mandato do prefeito João Castelo. Resta, então, tentar impor o mínimo de ordem e aguardar que no próximo ano, com a nova gestão municipal, o apelo seja finalmente atendido.
Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão
Foto: Biaman Prado/O Estado do Maranhão