Instituto investigado por corrupção em obras de combate ao coronavírus no RJ e em SP tem certificação de qualidade do governo Flávio Dino

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Flávio Dino e Wilson Witzel são ex-juízes
federais; governador do Rio caminha a
passos largos para o impeachment

Envolvido em diversos episódios de má gestão da saúde pública no Rio de Janeiro e em São Paulo, inclusive durante a pandemia de novo coronavírus, e alvo de múltiplas investigações policiais e de órgãos de controle, o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) foi agraciado com certificado de qualificação para atuar como organização social pelo Governo Flávio Dino (PCdoB). A informação consta no site do instituto, na seção “Quem Somos” (veja no print abaixo).

Um dos pivôs do processo de impeachment do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, aberto nesta quarta-feira (10) pela Assembleia Legislativa fluminense, o Iabas tem o aval do governo comunista do Maranhão para atuar na administração de unidades de hospitalares.

Só cinco dos 27 governo estaduais do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Maranhão) e algumas poucas prefeituras país afora admitiram o Iabas como parceiro na gestão dos seus sistemas de saúde. Em quatro das unidades da federação mencionadas, há contratos de terceirização firmados com o instituto em plena vigência. Apenas no Maranhão a relação não se concretizou (até onde se sabe), embora o caminho esteja livre.

Trecho da seção do site do Iabas em que o instituto informa ter certificação de qualidade no Maranhão

Rio de Janeiro

Recentemente, ganharam ampla repercussão na mídia nacional e internacional fortes indícios de participação do Iabas em atos de corrupção na aplicação de recursos destinados ao combate ao novo coronavírus no Rio de Janeiro. No centro do escândalo de corrupção, o instituto foi afastado da construção de hospitais de campanha no estado e teve contratos anulados pelo governo fluminense em razão de termos aditivos suspeitos de irregularidades.

Os serviços, contratados por R$ 835,8 milhões (R$ 139,3 milhões mensais), seriam a construção e a administração, por seis meses, de 1.400 leitos montados em seis pontos do estado, entre eles o estádio do Maracanã.

Operações

A gestão do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi alvo das operações Mercadores do Caos, Favorito e Placebo. Na Operação Placebo, deflagrada em 26 de maio pela Polícia Federal, Witzel e a primeira-dama Helena foram alvos de buscas e apreensões, inclusive no Palácio Guanabara e no escritório de advocacia dela. Na mesma ação, foi incluído o presidente do Iabas, Cláudio França. No dia seguinte, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspendeu todos os pagamentos da Secretaria Estadual de Saúde ao instituto.

Na capital, o Iabas está, inclusive, proibido de participar de licitações por dois anos devido a irregularidades financeiras e administrativas em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) do município.

São Paulo

Na cidade de São Paulo, a organização social foi escolhida pela prefeitura para gerir hospitais de campanha destinados ao atendimento de infectados pelo novo coronavírus, mesmo com seu histórico de má gestão e até crime.

Em seleção emergencial, no valor de R$ 18 milhões, o governo paulista escolheu o Iabas para gerir 1.300 leitos. O instituto ficou responsável, também, pela construção das unidades e por contratar médicos, enfermeiros e equipe de apoio para as unidades de referência no combate ao novo coronavírus.

Em São Paulo, o instituto vai receber R$ 18 milhões por mês para administrar 1.300 leitos montados no Parque do Anhembi. O Iabas foi escolhido por já ser a OS contratada para administrar as unidades de saúde da região onde ficará o hospital de campanha — foi feito um aditivo no atual contrato, assinado em 2016.

A atuação do Iabas em São Paulo também foi alvo da Operação Placebo, realizada pela PF em 26 de maio passado. Mandados de buscas foram cumpridos na sede do instituto, na Zona Sul da capital paulista, e na casa de um diretor.

A organização é suspeita de irregularidades também na cidade de São Paulo e é alvo de investigações administrativas do Tribunal de Contas do Município e da Controladoria da Prefeitura.

Ouvido pela imprensa após a batida da Polícia Federal na residencia oficial do colega Witzel e no escritório advocatício da mulher do governador fluminense, há exatos 15 dias, Flávio Dino deu a seguinte declaração: “Eu não posso falar sobre o caso específico por não conhecê-lo”, e emendou com a suposição de uso político da PF pelo presidente Jair Bolsonaro, seu desafeto.

Agora, sabe-se que o comunista disse, à época, uma meia verdade, pois o Iabas é um velho conhecido do seu governo, contemplado com as credenciais necessárias para faturar dinheiro dos cofres públicos estaduais no Maranhão.

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