Representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Cocais e das unidades da estatal no Amapá, Amazônia Oriental e Meio-Norte se reuniram, em fevereiro, em um seminário técnico e em um dia de campo para difundir as tecnologias de manejo e recuperação de açaizais nativos em municípios do noroeste do Maranhão. Ignorando completamente a denominação típica da palmeira entre os maranhenses, o órgão federal, com aval do governo Flávio Dino (PCdoB), por meio da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), resolveu atribuir ao produto o nome pelo qual é conhecido em outras regiões do Brasil, como o vizinho estado do Pará, descaracterizando-o e desprezando uma tradição secular em nível local.
Para fins de incentivo tecnológico, para posterior aprimoramento da comercialização, a juçara é apresentada pela Embrapa, em todas as divulgações da empresa estatal, como açaí. Ao promover tal deturpação, o órgão deixa claro que se rendeu à pressão do mercado, inclusive o maranhense, em tempos recentes, de massificar o nome açaí, em detrimento da juçara cultivada e apreciada no Maranhão e que ao longo dos tempos foi incluída entre as iguarias atrativas ao paladas de turistas.
É espantoso constatar que o governo maranhense permite e até apóia a desfiguração de um produto genuíno do estado. É certo que agricultores e comerciantes que sobrevivem da produção de juçara estão contrariados e extremamente revoltados por não terem voz para protestar e fazer frente ao poder supremo do Estado.
Diante de tamanha deturpação e permissividade, com a infeliz chancela oficial, o mais lógico seria mudar para “Festa do Açaí” o nome da popular “Festa da Juçara”, no bairro Maracanã, evento que há mais de 50 anos resiste como forma de dar visibilidade ao produto, apreciado pelo povo, mas pouco incentivado pelas autoridades.
Seria a pá de cal.