Descaso comprovado

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Em assebleia geral, vigilantes lotados em escolas decidiram paralisar atividades para pressionar prefeitura

Mais dois exemplos da falta de compromisso da Prefeitura de São Luís com a cidade e seus habitantes vieram à tona ontem. Um deles foi a greve deflagrada por vigilantes lotados em escolas do Município, que decidiram parar em protesto contra o atraso de quatro meses de salários. O outro é a ação de despejo movida pelo dono do casarão da rua Afonso Pena, onde funcionava a Morada Histórica, museu administrado pelo poder público municipal, que teve as atividades suspensas há mais de um ano por falta de pagamento do aluguel do prédio.

O atraso dos salários dos vigilantes, ocasionado pela falta de repasse dos valores contratuais às empresas que prestam serviço à prefeitura, é emblemático, pois deixa evidente o pouco caso com a segurança no ambiente escolar. A ausência desses profissionais expõe dezenas de milhares de estudantes a diversas formas de violência, como assaltos e assédio de traficantes. Diante da insegurança que predomina na capital atualmente, a vigilância armada é um dos itens essenciais à prática educacional.

O problema é de extrema gravidade e precisa ser resolvido imediatamente, sob pena de inviabilizar as aulas, principalmente nos bairros com maior índice de criminalidade. Se a presença dos vigilantes já não é suficiente para coibir a ação de marginais nos arredores e no interior das escolas, a ausência desses profissionais acentua o clima de tensão entre diretores, professores, alunos e pais, comprometendo sensivelmente a rotina nas unidades de ensino.

Morada Histórica: proprietário cobra aluguéis atrasados e moveu ação de despejo contra a Prefeitura de São Luís

Quanto ao fechamento da morada histórica, trata-se de um claro exemplo de desprezo à tradição histórica de São Luís. Antes de ser desativado, o espaço reproduzia o estilo das edificações da capital maranhense nos séculos XIX e XX e os hábitos e costumes da população da época. Era um atrativo e tanto para os turistas, que saíam maravilhados das visitas, tamanha a riqueza do acervo, composto por 592 peças, entre móveis, objetos de porcelana, cristais e pinturas. Um verdadeiro tesouro, hoje relegado ao abandono por culpa do descaso. Com o fim do museu, todas as peças estão sem manutenção e expostas ao desgaste do tempo.

Apesar dos protestos contra o fechamento, a prefeitura não tomou qualquer providência para reativar a Morada Histórica. Pior, ignorou a situação, dando a entender que não valoriza a história da cidade, que conquistou o título de Patrimônio Cultural da Humanidade exatamente por conta do seu rico passado. A insensibilidade pode custar caro a São Luís, pois a capital do Maranhão perdeu um dos seus mais importantes atrativos turísticos.

Às vésperas de completar 400 anos de fundação, São Luís se vê às voltas com situações que destoam da grandiosidade do momento ora vivido pela cidade. Em meio aos problemas, há muitos de fácil resolução. Mas mesmo esses deverão perdurar, tamanha a falta de boa vontade das autoridades.

Editorial publicado nesta sexta-feira em O Estado do Maranhão

Fotos: Biné Morais/O Estado do Maranhão

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