Uma sucessão de atos desastrosos, muitos dos quais com indícios de improbidade, vem marcando a gestão da saúde estadual no Maranhão desde que o governador Flávio Dino (PCdoB) assumiu o poder, há quase três anos e meio. Não é exagero afirmar que o comunista faz uma administração temerária no setor, marcada, inclusive, por escândalos de corrupção, o que compromete o atendimento ao amplo universo de usuários de hospitais e outras unidades da rede pública e implica risco de morte a milhões de pacientes.
Os problemas da saúde pública estadual são extremamente graves e alguns parecem insolúveis, tamanha a incapacidade dos atuais gestores de lidar com tais dificuldades. Um dos mais recentes, denunciado na edição de ontem de O Estado, é a falta de insulina Trebisa para distribuição a portadores de diabetes tipo 1 assistidos pelo Centro de Especialidades Médicas (Cemesp), no Bairro de Fátima, outrora um serviço de excelência. Há três meses, os pacientes não recebem as três caixas da substância que lhes eram entregues a cada 30 dias para o tratamento eficaz da doença. Sem a insulina – injetada no organismo para compensar a produção insuficiente do hormônio pelo pâncreas -, as pessoas que sofrem com a enfermidade têm a qualidade de vida afetada seriamente e ficam ainda mais expostas ao perigo de óbito.
Ao tentar receber a insulina no Cemesp, pacientes têm se deparado com duas justificativas, para muitos, nada convincentes. Uma delas é a de que o Governo Federal não estaria repassando ao Estado a verba para a compra da substância. A outra diz respeito à licitação para a contratação de um novo fornecedor do produto, que ainda não teria sido finalizada. Independente do motivo, trata-se de uma falha inadmissível, que pode representar a diferença entre a vida e a morte para os pacientes desassistidos.
Outros problemas dão contornos ainda mais trágicos à gestão da saúde estadual no governo comunista e transformam hospitais e demais unidades de atendimento em verdadeiros matadouros humanos. Que o digam os portadores de câncer, frequentemente desamparados ao tentar fazer valer o seu direito legítimo e constitucional ao tratamento. As pendências vão desde a escassez de leitos e de profissionais especializados, sobretudo no interior, à falta de medicamentos capazes de levá-los à cura ou de aumentar sua sobrevida.
Há duas semanas, um acidente automobilístico ocorrido na BR-135, em um trecho do município de Arari, com saldo de cinco mortes, deu dimensão ainda mais macabra ao descaso com a saúde estadual no governo Flávio Dino. Três das vítimas eram doentes ranais que estavam sendo transportados para São Luís para fazer hemodiálise em máquinas que filtram o sangue em substituição à função dos rins, à qual eram obrigados a se submeter regularmente na capital, pois no interior esse tipo de procedimento não é disponibilizado. Por uma infeliz ironia, os pacientes morreram quando lutavam pela vida, em uma viagem perigosa, mas necessária, uma vez que o descaso dos governantes de agora os privou de fazer o tratamento na cidade onde moravam.
Apesar do caos reinante na rede estadual de saúde e dos casos de corrupção registrados no setor, com destaque para o desvio de R$ 18 milhões descoberto pela Polícia Federal, em novembro de 2017, Flávio Dino tenta vender a imagem de gestor eficiente nessa área. Mas os supostos feitos positivos que a propaganda mostra em um dia, são desmentidos cruelmente pela realidade no outro, para desespero de quem depende de um sistema que em vez salvar vidas, vem servindo a outros propósitos, conforme já atestaram autoridades policiais e órgãos de fiscalização e controle, em âmbito federal.
Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão