Pacientes estão morrendo por falta de medicamentos no Hospital Carlos Macieira, outrora excelência no atendimento e hoje transformado em matadouro humano. Sob pressão permanente e obrigados a trabalhar sem as condições necessária e com atraso em suas remunerações, profissionais de saúde denunciam o horror que estão testemunhando em suas rotinas de serviço.
Além da falta de remédios e de material hospitalar, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, que preferem não se identificar por medo de represálias, denunciam que a comida fornecida aos enfermos é de péssima qualidade.
“Somos cobrados e o stress é quase insuportável. Mas, sem material, não podemos fazer nada. Ficamos de mãos atadas”, desabafa uma profissional, que além de expor o quadro dramático vivenciado no HCM por causa do mau atendimento, reivindica o adicional ao salário, atrasado desde dezembro do ano passado.
Os servidores da saúde lembram que certo dia não havia Heparina, medicamento usado por pacientes renais, submetidos a tratamento por hemodiálise. “Foi terror, um caos”, recorda, quase aos prantos, uma enfermeira.
Omissão
Apesar da falta de medicamentos, de material hospitalar e de outros itens indispensáveis ao bom atendimento, os gestores do HCM, que é administrado pelo Instituto Gerir, por meio de contrato firmado com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), mostram-se omissos em relação aos múltiplos problemas. “Os administradores fazem de conta que não estão vendo nada, viajam e não dão qualquer satisfação”, conta uma servidora.
O clima é de total opressão. Temendo a perda do emprego, os profissionais de saúde, inclusive médicos, silenciam diante dos abusos e das condições precárias em que trabalham. Para tentar evitar vazamentos de informações, a direção do hospital baixou norma limitando o acesso de servidores apenas aos seus respectivos setores. A restrição impede, por exemplo, a divulgação de imagens da farmácia sem remédios.
Mesmo com tantas deficiências, o governo tenta obter a acreditação (certificação de qualidade de atendimento em uma instituição de saúde) para o HCM. “Como é possível atestar a qualidade de um hospital que não tem sequer recursos para cuidar dos pacientes?”, indaga a enfermeira.
Os profissionais lamentam a pressão que sofrem e a falta de previsão sobre os pagamentos dos extras que lhes são devidos. “Trabalhamos e precisamos receber. Desempenhamos nossas funções e somo dignos dos nossos salários”, reivindica a denunciante.