Flávio Dino tenta transformar entrevista à Folha em palanque, mas esbarra em perguntas desconcertantes

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Flávio Dino na sacada do Palácio dos Leões, onde costuma espairecer (Foto: Albani Ramos/Folhapress)

O governador Flávio Dino (PCdoB) até que tentou transformar a recente entrevista que concedeu à Folha de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira (26), em palanque político, assim como faz com a parcela da imprensa local alinhada ao seu projeto de poder, mas esbarrou na isenção da repórter Thais Bilenky, escalada pelo maior jornal do país para fazer a matéria. Bem diferente dos jornalistas, radialistas e blogueiros locais habituados a fazer coro ao discurso governista, a profissional da Folha fez perguntas desconcertantes ao comunista, que se mostrou visivelmente embaraçado em algumas respostas e exibiu um raciocínio tosco em outras.

Ao posicionar-se na contramão da tendência desenvolvimentista de reduzir a influência do Estado sobre os cidadãos, Flávio Dino foi confrontado com a consideração certeira da entrevistadora de que conceder tanto poder ao setor público favorece a corrupção. Ao contra-argumentar, o governador tentou reduzir uma constatação histórica a algo que, para ele, não passa de ideologia, citando o caso da Petrobras. E tal qual faz quando compara sua gestão com as anteriores, procurou nivelar por baixo: “Então, se fosse extinguir o Estado porque é corrupto, ia extinguir o mercado junto”.

Ao abordar a Lava Jato, o comunista externou um pensamento enviesado, ora defendendo a operação, ora atacando-a em seus métodos, sobretudo na atribuição da culpa. Nas respostas de Flávio Dino sobre o tema, ficou clara sua obsessão em demonizar os empresários, chamados por ele de “chapeuzinho vermelho” e “bonzinhos”, para em seguida serem desqualificados com a seguinte conclusão: “Pelo Amor de Deus! Todo mundo sabia o que estava fazendo”.

Ainda sobre a Lava jato, o governador do Maranhão ousou avaliar o desempenho da operação, como se ainda estivesse investido na toga que abandonou em 2006, quando ingressou na política. Sem perder o tom professoral e o costume de colocar-se em patamar superior de conhecimento, o comunista disse que houve mais acertos do que erros e voltou a reforçar sua visão de que o empresariado é vilão, como se quisesse minimizar os atos de improbidade cometidos pelos agentes públicos envolvidos nos escândalos.

Outro ponto em que Flávio Dino exibiu postura controversa foi a abordagem sobre a eleição presidencial. Após defender a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, praticamente implorar o apoio do petista  à sua reeleição e prever a vitória do ex-presidente, ele foi encurralado pela repórter, que perguntou se seu voto não seria da pré-candidata à presidência Manuela D’Ávila, já lançada pelo PCdoB. Sem saída, o comunista deu a seguinte resposta: “Se Manuela estiver na urna, voto nela, claro”, dando a entender que não acredita no projeto político nacional do seu próprio partido.

Leitores reagem

A reação dos leitores ao discurso de Flávio Dino foi a mais negativa possível. O ponto mais criticado foi a defesa do governador maranhense à supremacia do Estado. Um deles recordou a experiência negativa do comunismo em países como Rússia (pais mais expressivo da extinta União Soviética) e China (que nas últimas décadas vem se rendendo ao mercado, após reconhecer quão ultrapassado era seu modelo econômico).

Um internauta chegou a ironizar a entrevista de Dino com a seguinte frase: “palavras ao vento de um comunista caviar”. Outro leitor colocou em xeque a capacidade do chefe do Executivo de tomar medidas acertadas. “É por causa de gente desse tipo, com essa mentalidade errática, que o Maranhão se arrasta como o mais atrasado estado brasileiro”.

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