Em uma iniciativa midiática nada democrática, o governador Flávio Dino (PCdoB) reuniu, na manhã desta segunda-feira, um pool de mais de 60 emissoras de rádio arregimentadas Maranhão afora para uma entrevista em cadeia na qual foram abordadas apenas ações positivas da gestão comunista. Falando direto do estúdio da Rádio Timbira, o chefe do Executivo estadual teve tempo de sobra para vender uma boa imagem do seu governo e, de quebra, atacar seus antecessores, apresentando-se falaciosamente como modelo exemplar de administrador público.
Por duas horas consecutivas, Flávio Dino discorreu sobre supostos feitos da sua gestão em benefício do povo, como se os microfones estivessem abertos para que ele fizesse campanha à reeleição, não para que prestasse contas aos maranhenses de suas ações – e omissões.
Sem se preocupar com contrapontos, já que não houve espaço para questionamentos de ouvintes e todos os profissionais de comunicação escalados para a entrevista pareciam seguir um script previamente elaborado pela máquina de comunicação palaciana, o comunista chegou a ser parabenizado ao vivo por um radialista por seu desempenho como governador e a fazer piada com um comunicador presente no estúdio, que casou recentemente e compareceu ao estúdio acompanhado da esposa.
A entrevista foi dividida em quatro blocos e em nenhum deles o comunista foi confrontado com perguntas sobre temas indigestos ao governo, como a corrupção na Saúde, descoberta pela Polícia Federal, durante a Operação Pegadores; os aluguéis camaradas do imóvel que abriga a Funac, no bairro Aurora, e da Clínica Eldorado, ambos escândalos de repercussão nacional; o esquema de desvios descoberto na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que resultou na prisão de um ex-adjunto da pasta, dentre outros fatos reprováveis.
Da mesma forma, ninguém ousou perguntar ao governador sobre seu costume de mover ações judiciais contra jornalistas, radialistas, blogueiros e até contra o Facebook para barrar conteúdos que lhe desagradam. Seria um tema mais do que pertinente à pauta, mas nenhum dos participantes da entrevista se atreveu a explorá-lo.
Se na transmissão de rádio, o governador não precisou responder a perguntas difíceis, nas redes sociais, onde a entrevista pode ser acompanhada em tempo real, houve internautas que fizeram críticas e até apelos, quase todos censurados, para não estragar o humor do entrevistado.
Um coisa nada democrática. Logo ele que se diz tão aberto ao debate! Entrevista enfadonha concedida em cadeia de rádio. Enclausurado e batendo todo tempo nos Sarney. Não explicando também os recentes escândalos do seu governo, o mínimo que todo mundo esperava inclusive os seus partidários!
Com todas as perguntas elaboradas pelo próprio Palácio dos Leões. Coisa feia! E feitas por empregados das rádios que a grande maioria estão com suas faturas atrasadas pelo governo comunista. Uma humilhação! Talvez agora, pelo menos, ele pague essas pobres rádios?