Nem no encontro nacional em que o seu partido, o PCdoB, reafirmou a candidatura própria à presidência da República, o governador Flávio Dino não abriu mão de associar sua imagem à do petista Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrenta dura batalha para se viabilizar política e juridicamente na disputa para voltar ao Palácio do Planalto, mas mantém cacife elevado entre o eleitorado maranhense. Disposto a salvar a própria pele, o comunista abusou da incoerência ao manifestar apoio a Lula em vez de aderir ao projeto nacional da sigla da qual é apontado como figura mais proeminente.

Ignorando solenemente a presença da pré-candidata comunista Manuela D’Ávila no evento, Dino fez o gesto da vitória de mãos dadas com Lula, não só para deixar clara sua preferência na sucessão presidencial, mas, principalmente, para se valer da popularidade do ex-presidente entre os maranhenses, usando-o como uma espécie de escudo após a operação da Polícia Federal que desarticulou um esquema de corrupção que desviou R$ 18 milhões da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Desmoralizado e profundamente abalado pela Operação Pegadores, que envolveu a ex-subsecretária de Saúde e ex-candidata do Palácio dos Leões a prefeita de Imperatriz, Rosângela Curado, e figurões do governo, como os secretários Márcio Jerry (Comunicação Social e Assuntos Políticos) e Carlos Lula (Saúde), Flávio Dino parece atordoado, em busca de amparo político para se refazer do duro golpe que sofreu.

Tomado pelo desespero, o governador maranhense, maior liderança comunista do momento, investe na proximidade com Lula, enquanto despreza o projeto nacional do PCdoB, relegando o partido à insignificância no jogo eleitoral.