A escalada da violência nos centros urbanos fortalece cada vez mais o discurso que prega a necessidade de desarmamento da população. Na condição de metrópole com mais de 1 milhão de habitantes, São Luís assiste, assustada, ao avanço do tráfico e ao aumento do número de casos de assaltos e homicídios, cujos autores usam principalmente revólveres e pistolas para intimidar suas vítimas. Para reprimir esses crimes, as forcas de segurança deveriam intensificar as operações que visem tirar de circulação as armas em poder de bandidos, impondo assim a autoridade do Estado sobre aqueles que tentam infringir a lei.
As armas dão aos criminosos poder de fogo para tentar fazer frente à polícia e instalar um clima de pânico na sociedade. Por isso, é urgente a necessidade não só de tirá-las das mãos dos malfeitores, como de dificultar-lhes o acesso a elas novamente. Essa deve ser a principal diretriz do sistema de segurança atualmente, tendo em vista a matança desenfreada que se vê hoje. Não raro as vítimas são executadas a tiros de revólveres e pistolas, muitas das quais de uso restrito a policiais.
O noticiário está repleto de casos de assassinatos e assaltos em que os autores agem fortemente armados e com violência excessiva. Impotentes, as vítimas sucumbem sem reagir a essas ações, que têm a covardia como principal marca. No caso específico do tráfico, as armas tornam a disputa pelas bocas de fumo ainda mais violenta e em casos extremos são usadas por bandidos para dominar bairros inteiros, a exemplo do Barreto, principal foco da comercialização de drogas na capital maranhense.
Nem mesmo profissionais que usam armas como instrumento de trabalho, como vigilantes e até policiais estão livres da ação dos criminosos. Em São Luís são cada vez mais comuns as investidas de bandidos contra agentes de segurança privada para tomar-lhes revólveres e pistolas, muitas vezes com sucesso. Recentemente, a comissão de delegados que investiga a morte do jornalista Décio Sá descobriu que uma pistola e uma escopeta encontrada em poder do pistoleiro Jhonatan de Sousa Silva, assassino confesso do profissional de imprensa, pertenciam ao Grupo Tático Aéreo (GTA). Tamanha audácia requer uma resposta implacável das forças de segurança.
Mapear o caminho percorrido por revólveres, pistolas, escopetas e outros artigos bélicos até as mãos dos bandidos é outra medida essencial para a eficiência das ações de desarmamento. Além de investir contra vigilantes e policiais, os criminosos se valem de outros artifícios para se armar. Se ainda não é possível afirmar a inclusão do Maranhão na rota do tráfico internacional de armas, seguramente pode-se dizer que assaltantes, pistoleiros e traficantes de drogas agem em conluio com membros do próprio sistema de segurança pública, que causam enorme estrago na sociedade, apesar de representarem uma minoria. Formadas predominantemente por profissionais honrados e conscientes do seu dever, as corporações policiais devem extirpar dos seus quadros esses elementos nocivos.
A paz tão almejada pela sociedade só será concretizada com a redução do número de armas em circulação. As duas campanhas de desarmamento realizadas pelo Governo Federal apresentam resultados pífios até o momento, ao passo que a violência registra índices elevados ano após ano. Portanto, identificar e apreender as armas não legalizadas e punir os bandidos que as empunham para espalhar o terror tornou-se uma questão de vida ou morte.
Editorial publicado nesta segunda-feira em O Estado do Maranhão