Uma tradição folclórica que se repete há 90 anos tornou-se epicentro de uma polêmica que, por pouco, não ofuscou o brilho dos festejos juninos do Maranhão. Mais uma vez antecedido por um clima de incerteza, o famoso encontro de grupos de bumba meu boi do sotaque de matraca em homenagem a São Marçal, realizado todos os anos, em 30 de junho, no João Paulo, chegou a ser cancelado pelo instituto que o organiza, em meio a forte repercussão no segmento cultural e a ecos de preocupação nas ruas e nas redes sociais da internet.
Se de um lado, o Instituto São Marçal, que já em março costuma iniciar os preparativos para a festa, alega falta de apoio para realizá-la, de outro, o poder público garante que ofereceu as condições necessárias para que os batalhões desfilem e preservem um costume que já faz parte da história de São Luís, mesmo dividindo opiniões quanto à mudança radical de rotina que provoca em uma das áreas da cidade com maior movimento comercial.
Levando-se em conta os atritos que, nos últimos anos, vêm marcando os momentos que antecedem o festejo, pode-se afirmar que a homenagem a São Marçal está mantida. Mesmo com as queixas dos organizadores de que as autoridades não fazem esforços à altura da grandeza do evento, é impensável que os boieiros deixem de reverenciar o último dos quatro santos do período junino. Se há uma certeza, essa é a de que o João Paulo será novamente invadido por dezenas de milhares de adeptos da maior manifestação da cultura popular maranhense, inclusive com o reforço energético do caldo de feijão preparado pelo Exército, antigo e assíduo colaborador da festa.
As conseqüências serão as mesmas de sempre: fechamento do comércio, bloqueio e alteração do trânsito, além das ocorrências policiais, com destaque para os casos de poluição sonora, bebedeira em excesso, brigas, roubos e furtos. Isso porque, em meio à aclamação ao bumba boi, há sempre os mal intencionados, que em vez de aproveitarem o momento especial da melhor forma, partem para a violência, com o intuito de quebrar a harmonia em um ambiente onde deveriam reinar somente a paz e a alegria.
Polêmica à parte, o festejo de São Marçal é um evento espontâneo, consolidado no calendário, e seguirá como tal, tamanha a sua popularidade e resistência. Trata-se de uma manifestação do povo, que prestigia o encontro como se cumprisse um ritual, mesclando religiosidade e a mais profana das manifestações, marcada por variados excessos e violações às normas de urbanidade.
Os próximos dias serão de intensa movimentação junina, com grupos de bumba boi dançando por toda a Ilha. Que cada apresentação sirva, então, de aquecimento para que os batalhões possam exibir, no João Paulo, os traços genuínos da cultura popular do Maranhão e extravasar toda a sua energia. Tudo em louvor a São Marçal.
Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão
deveria de cancelar isso ,tem o parque da vila palmeira,porque não vão fazer a bagunça pra lá?
deveria de cancelar isso ,tem o parque da vila palmeira,porque não vão fazer a bagunça pra lá? e além do mais nem essa estoria de são marçal existe, eu em…