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A interdição de oito pontos da orla marítima de São Luís e São José de Ribamar com elevado índice de poluição devido ao lançamento ininterrupto de esgoto in natura foi uma medida acertada e extremamente necessária. Ao proibir o acesso aos referidos trechos de praias, com base em uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) inibe a atitude descontraída dos banhistas que, ignorando a advertência contida nas diversas placas fixadas ao longo da orla, vinham entrando no mar e se expondo a uma série de doenças.
O lançamento de esgoto não tratado nas praias de São Luís é uma situação antiga, que, ao longo dos anos, evoluiu para um grave problema de saúde pública. Se por um lado as autoridades não adotam as medidas necessárias para reduzir o nível de poluição da orla, por outro, muitos cidadãos negligenciam o perigo de mergulhar nas águas sujas do nosso mar, onde o índice de impurezas supera em quase quatro vezes o nível mínimo de 800 coliformes fecais por 100 mililitros de água, aceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Um dos principais atrativos turísticos da Ilha de São Luís e opção de lazer para grande parcela da população local, as praias tornaram-se ambiente inóspito, principalmente para os adeptos de mergulhos. Lançar-se nas águas poluídas da orla é uma atitude de alto risco, com sérias conseqüências à saúde. Diarréia infecciosa, cólera, leptospirose, hepatite e esquistossomose são algumas das doenças às quais os incautos banhistas se expõem ao entrar em contato com as impurezas contidas no mar da capital e da vizinha São José de Ribamar, conforme atestou a Sema.
As autoridades locais têm a obrigação de reverter a situação e devolver às praias o elevado potencial para atração de turistas de outrora. Caso contrário, há o risco, a médio e longo prazo, da fuga de frequentadores e da consequente queda de receita em bares, restaurantes, hotéis e demais estabelecimentos instalados à beira mar. Diante da possível crise, o que se projeta é o fechamento de centenas de postos de trabalho.
Com a repercussão negativa da interdição das praias, a capital maranhense, que, segundo líderes do setor industrial local, já convive com um revés econômico devido à precariedade do seu único aeroporto, se depara com mais um entrave ao seu desenvolvimento. Como a aviação e a qualidade do lazer proporcionado aos visitantes são essenciais para a exploração máxima do potencial turístico de qualquer cidade, o que se vê em São Luís hoje é um cenário que sugere retração. Recuperar o vigor de outros tempos vai depender de um esforço conjunto das autoridades, em todas as esferas.
As boas condições da água das praias são um importante indicador de que a cidade é bem cuidada por seus gestores. A situação inversa sugere negligência e falta de compromisso dos governantes. Às vésperas de completar 400 anos de fundação, São Luís, com sua orla interditada, é, portanto, o retrato do descaso.
Editorial publicado em O Estado do Maranhão nesta sexta-feira
Foto: Biaman Prado/O Estado do Maranhão