São cada vez mais gritantes os abusos cometidos no sistema de transporte alternativo que opera na Ilha de São Luís. Veículos sucateados, irresponsabilidade ao volante e até falta de habilitação de motoristas para exercer a profissão são alguns dos problemas que tornam o serviço caótico e perigoso. O olhar complacente das autoridades contribui para que a situação se mostre ainda mais crítica e sem perspectiva de melhoria.
Há vários anos as vans deixaram de ser uma opção ao transporte coletivo convencional para transformarem-se em verdadeira aventura. Quem usa o serviço regularmente é obrigado a conviver com uma série de incômodos, desde desconforto ao risco constante de acidentes, tamanha a voracidade dos condutores em transportar o maior número de passageiros no menor tempo possível. Os inconvenientes são tantos que não raro passageiros desistem da viagem em pleno percurso, mesmo já tendo pago a passagem.
Não bastassem os reclames dos usuários, as próprias cooperativas que exploram o transporte alternativo passaram a denunciar os abusos cometidos no dia-a-dia do serviço. Receosas do prejuízo à imagem do sistema causado pela irresponsabilidade de parte dos que atuam no segmento, essas organizações não só apontam as falhas como cobram providências das autoridades. Um dos mais indignados é o presidente da Talestur, Raimundo Nonato Martins, principal fonte de informações da matéria publicada na presente edição de O Estado sobre o assunto.
Imprimir maior rigor à fiscalização é o primeiro passo rumo à solução do problema. Responsável por conceder as licenças de operação aos veículos e inspecionar o serviço, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) sempre atuou de forma tímida na execução desse trabalho. Os anos de omissão deram margem ao absurdo que se vê hoje, cuja reversão tornou-se uma tarefa complicada.
A falta de manutenção de parte da frota e a imprudência de muitos motoristas que atuam no transporte alternativo são danosas ao trânsito. Atropelamentos, colisões, capotamentos e outros tipos de acidentes são causados por falhas mecânicas e por manobras arriscadas. Incluída no itinerário de todas as linhas exploradas pelo serviço, a MA-201, conhecida popularmente como Estrada de Ribamar, é palco freqüente desse tipo de ocorrência. Uma das mais recentes foi registrada em 7 de janeiro deste ano e teve como vítima um motociclista, morto ao ser colhido violentamente por uma van que disputava passageiros com outra, nas imediações da empresa Taguatur.
Alheios às normas de segurança no trânsito e sem oferecer o mínimo conforto aos usuários, muitos proprietários e motoristas de vans prestam um serviço de péssima qualidade. Ao embarcar nessas viagens, milhares de passageiros não só se expõem ao risco de acidentes como ajudam a fomentar um setor que fatura alto sem dar o devido retorno à sociedade.
Editorial publicado em O Estado do Maranhão nesta sexta-feira
Foto: Flora Dolores/O Estado do Maranhão