Nas últimas semanas, assistimos, em São Luís, à mobilização de protetores de animais após a chacina de mais de 100 felinos em uma área à margem da Avenida dos Africanos conhecida como Praça dos Gatos. Também vê-se o alerta do pós-doutor em Agronomia e professor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Hamilton Almeida, sobre o abandono de árvores antigas da cidade, uma delas o oitizeiro centenário que desabou há dois dias, na Praça Deodoro, quase provocando uma tragédia.

São reações válidas e necessárias, que partem de cidadãos preocupados com os maus tratos a animais e plantas na capital maranhense, mas que, dificilmente, sensibilizarão os governantes locais, incapazes de oferecer tratamento digno e humanizado às pessoas, imagine a bichos e vegetais. Até o momento, a resposta do poder público para a matança dos gatos e para a infestação de árvores seculares por cupins é o silêncio, que além de ser incômodo, revela a falta de compromisso de políticos sem compromisso com a integridade dos seres que habitam o espaço que governam.

Se o cidadão, apesar de pagar elevada carga de impostos e ser amparado pela garantia constitucional à assistência do Estado, sofre em filas de consultas médicas, exames, internações e cirurgias, humilhado em corredores e até no chão de hospitais, o quadro é ainda mais sombrio para bichos e árvores. Esses mesmos é que são vítimas do descaso da prefeitura e do governo estadual, cujos gestores estão habituados a praticar atos totalmente opostos aos discursos que propagam em sua ampla rede midiática.

É triste, mas é a mais pura realidade, constatada nas ruas da capital, praças e em demais logradouros públicos, onde mendigos e outros desvalidos perambulam sem qualquer assistência de quem foi eleito (ou  reeleito) para lhes oferecer o melhor cuidado possível. A negação desse direito é crime de proporção gravíssima e devastadora e impõe aos atingidos os mais cruéis dissabores, que  te tem a indigência e morte como consequências extremas.

O abandono, a incompetência e a improbidade dos governantes causam graves danos às pessoas e as mergulha no mais profundo e generalizado caos. Tantas falhas e delitos deixam claro o desprezo que os poderosos têm pela vida alheia, seja ela racional ou não.