Principal área verde do centro de São Luís, destinada à prática de exercícios físicos, esportes e lazer, o Parque do Bom Menino passa por uma reforma que deveria ter sido concluída em quatro meses, mas está prestes a completar um ano. Preocupado muito mais em montar uma estrutura político-financeira que torne viável seu projeto de reeleição, o prefeito João Castelo (PSDB) relega ao último plano ações que, se bem executadas, se reverteriam em benefício à população e atenuariam o desgaste da sua gestão. Incluída nesse rol, a recuperação do parque tem importância vital para os adeptos de caminhadas, corridas e outras práticas saudáveis, além de um valor urbanístico inestimável.
Depoimentos colhidos in loco revelam os motivos da lentidão da obra, orçada em R$ 1,9 milhão: o atraso de pagamento à construtora contratada e a consequente falta de material para tocar o serviço. A situação sugere, no mínimo, negligência da administração municipal com uma intervenção anunciada com toda pompa, inclusive com a presença do prefeito no canteiro de obras.
Uma breve visita ao parque dá a ideia exata do descaso com a reforma do Parque do Bom Menino. Um contingente reduzido de trabalhadores faz pequenas intervenções, em meio ao vai e vem dos frequentadores. A impressão que se tem ao observar a movimentação de pedreiros, ajudantes, pintores e outros operários é de profundo ócio. Pessoas que trabalham nas barracas de venda de plantas e outros artigos evitam falar do assunto abertamente, por medo de perder o ponto.
O Ginásio Tião, antes palco de várias competições esportivas, está abandonado. Atualmente, suas arquibancadas servem de aconchego para casais de namorados. À noite, quando o ambiente é tomado pela escuridão, grupos de jovens se reúnem para consumir bebidas alcoólicas, cigarros e outras drogas. Por causa do desleixo da Prefeitura, o espaço, onde antes reinavam práticas saudáveis, tornou-se antro para os vícios mais degradantes.
A um mês de completar aniversário, a obra tem prazo de conclusão incerto. As melhorias previstas no projeto de reforma, se é que foram feitas, são invisíveis. A placa informando detalhes da intervenção, fixada na entrada principal do parque, é uma mera peça decorativa, já que as benfeitorias e os custos que ela anuncia não condizem com a realidade. Seria, então, o caso do Ministério Público investigar o gasto de quase R$ 2 milhões em recursos públicos com um serviço cujo efeito prático se aproxima da nulidade.
A população de São Luís, em especial os freqüentadores do Parque do Bom Menino, aguarda ansiosa a conclusão da reforma. Dispostos a manter a saúde, os cidadãos adeptos de caminhadas, corridas e outras atividades físicas seguem firme o ritmo de exercícios, superando todos os obstáculos, o maior deles o descaso da Prefeitura com a obra.
Editorial publicado em O Estado do Maranhão nesta quarta-feira
Foto: Flora Dolores/O Estado do Maranhão