Em entrevista concedida na manhã de ontem a este repórter e ao jornalista Mario Carvalho, na Redação do jornal O Estado do Maranhão, o ex-prefeito de São Luís e pretenso candidato a voltar ao comando da capital, Tadeu Palácio (PP), defendeu a união do seu grupo em torno de um nome competitivo para disputar a eleição de outubro. Ele fez duras críticas à gestão do sucessor, João Castelo (PSDB), e destacou as principais ações que realizou nos seis anos e nove meses que exerceu o mandato de prefeito. No campo pessoal, Tadeu revelou ter aversão a bebidas alcoólicas, disse que sempre gostou de cuidar da saúde e negou ter aplicado botox ou silicone, como se comenta desde a época em que ele estava à frente da administração municipal. Seguem trechos da conversa, que foi pontuada por vários momentos de descontração:
O senhor lançou sua pré-candidatura a prefeito de São Luís no último dia 12. Sua posição permanece a mesma ou algo mudou desde então?
Minha posição permanece a mesma: a de que nosso grupo se mantenha unido em torno de um candidato competitivo, com chance de vencer a eleição de outubro. Não fui o primeiro a lançar pré-candidatura entre os que compõem a nossa aliança. Antes de mim, houve o Flávio Dino, a Elisiane Gama e o Roberto Rocha. No último fim de semana, eu e o Flávio Dino conversamos muito em minha casa e ficou claro que só seremos fortes se partirmos para a disputa com unidade. Estou disposto a encarar as urnas mais uma vez, pois tenho experiência e um bom histórico como administrador. Mas se os meus companheiros escolherem outro nome, apoiarei a decisão de forma irrestrita. O que não admito é a desaglutinação, pois isso só nos enfraquecerá.
O Flávio Dino não esconde que seu maior projeto político é disputar a eleição de governador, em 2014. Mesmo assim, não descarta ser candidato a prefeito de São Luís, este ano. Isso não causa certa desconfiança no eleitorado e no próprio grupo do qual ele faz parte?
Algumas pessoas acham, outras não. Só cabe ao Flávio analisar o peso político e as consequencias dessa posição. A palavra final sobre adotar ou não essa postura é uma decisão exclusiva dele.
Se assumisse novamente o comando da Prefeitura de São Luís, que medida o senhor adotaria de imediato?
Eu promoveria uma mudança no modelo de gestão adotado pelo atual prefeito. Eu daria prioridade a nomes com competência técnica para gerir as secretarias e ofereceria menos espaço aos políticos. É lógico que é importante preservar as alianças, mas para que a administração tenha eficiência é preciso escalar pessoas que realmente sejam capacitadas para realizar as ações em cada área.
Que outros problemas o senhor vê na gestão atual?
São Luís está suja, o trânsito e o transporte público estão caóticos. Os cinco terminais de integração, quatro dos quais inaugurei em minha gestão, estão abandonados. A educação também tem problemas, inclusive falta de vagas em escolas. Nem mesmo a merenda vem sendo servida adequadamente aos estudantes. Além de não cumprir promessas de campanha, como a reativação do Bom Preço, o prefeito João Castelo não conservou a estrutura que recebeu das minhas mãos.
João Castelo é conhecido como um político centralizador. Isso não acaba engessando sua gestão?
Engessar é um procedimento que na medicina serve para curar, é algo benéfico. Ao centralizar todas as ações em si próprio, Castelo não engessa, e sim inviabiliza sua gestão. É preciso dar autonomia ao secretariado, como fiz no período em que fui prefeito.
Há muitos nomes que davam apoio incondicional ao senhor quando prefeito e que hoje ainda não sinalizaram que vão aderir ao seu projeto de voltar ao cargo. Alguns até fazem parte da administração do prefeito João Castelo. Como o senhor avalia essa situação?
Isso é natural. Quando o falecido Jackson Lago foi eleito governador, a maioria dos políticos que faziam parte do grupo Sarney lhe declararam apoio. Depois, quando ele foi cassado, mudaram de lado novamente. Estou vivendo essa experiência, mas sei que se eu vier a disputar a eleição, muitos, mesmo filiados a partidos que não fazem parte do nosso grupo, marcharão junto comigo. Terei apoio até mesmo de parte da militância do PDT, onde até hoje sou muito querido.
O senhor é conhecido por seu uma pessoa sisuda. Isso não atrapalha suas pretensões políticas?
É uma falsa impressão que muitos têm de mim, por isso nunca foi obstáculo em minha carreira política. Quem me conhece sabe que sou uma pessoa extremamente dócil. Gosto de estar com minha família, com os amigos. Sou feliz, vivo bem.
O senhor parece cuidar muito bem da saúde.
Sempre gostei de me manter saudável, desde muito jovem. Durmo e me alimento bem, faço exercícios físicos, não bebo, na verdade, a bebida me dá até sono. Às 6h, quando a maioria das pessoas ainda está dormindo, estou na academia. O resultado é que apesar da idade que tenho, sinto-me disposto para continuar aproveitando a vida e produzindo.
E a estética?
Muitos implicam porque gosto de usar uma gargantilha, de me vestir bem, de parecer jovial. Já disseram até que apliquei botox, que coloquei silicone. Tudo mentira (diz, exibindo a testa e afastando o topete para trás). Se pareço mais jovem do que a idade que tenho é por causa dos hábitos saudáveis que sempre cultivei.
Foto: Biné Morais/O Estado do Maranhão