A exemplo do famoso Tratado de Tordesilhas, de 1494, por meio do qual Portugal e Espanha dividiram as terras “descobertas e a descobrir” fora da Europa por ambas as Coroas, agora, aqui no Maranhão, os novos donos do Poder decidem “intra-Palácio” a geopolítica do Estado. Justamente por quem se diz o arauto da democracia, comandante de uma nova política em que a força dos ideais faria sucumbir a força bruta do “quero, posso e mando” do coronelismo de que tanto reclamaram, joga na lata do lixo todo o discurso e a boa prática da convivência e do diálogo político, para amesquinhar-se em decisões unilaterais e arbitrárias.
Esses novos donos do Maranho que a cada dia mais se parecem com os antigos donos do poder, embora tenham tido até uma posição interessante no impeachment da Dilma, pois estavam na vanguarda dos movimentos populares, a favor da democracia e contra o golpe, mostram suas faces quando se trata da política local.
Do quem e do quê estamos falando? Pasmem todos! Nada mais nada menos do que do Governador Flávio Dino e do Deputado Federal Presidente do PDT Weverton Rocha. O que fizerem? Acordos no território político maranhense do toma lá da cá. Como? Onde os interesses permitem, PDT e PCdoB se agrupam. Até aí tudo bem. Onde os interesses pessoais ficam acima do anseio popular, vale o conhecido “quero, mando e posso”. Onde isso está acontecendo? Pasmem mais uma vez! Na principal cidade turística do Estado, Barreirinhas, dirigida pelo Prefeito Leo Costa, aliado de todas as horas do Governador e membro fundador do PDT. Por quê? Porque o presidente do PCdoB local, Amilcar Rocha, candidato a prefeito, quer a todo custo disputar as eleições sem dar o bom combate. Como? Simplesmente, pedindo ao Governador a cabeça do Leo, isto é, exigindo que o PDT não lhe dê legenda para candidatar-se.
Servem-se de pesquisa fraudada para justificar a brutalidade do ato. Mandam seus vassalos para convencerem o impossível. Com cheiro de trapaça, tal atitude, se consumada, ficará na História como o segundo golpe mais sujo de que se tem notícia na República: o primeiro, a cassação do ex-governador Jackson Lago, vítima de um golpe, conforme seus aliados da época; o segundo, a cassação da legenda a que tem direito o Prefeito de Barreirinhas, de concorrer a um segundo mandato, o que é legal e legítimo. Parece que de golpes o Governador Flávio Dino entende bastante. É só ver a paspalhada que fez com o Waldir Maranhão na tentativa de anular a votação majoritária pró-impeachment da Dilma na Câmara dos Deputados.
O que não sabem os perpetradores do iminente golpe é que a população está atenta a esse desvario. Se se prendem maliciosamente à letra morta da legislação partidária, não compreendem que a História sempre passa por cima dos impostores/impositores.
É esperar para ver.