Velocidade e morte

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A morte de uma adolescente de 12 anos, por atropelamento, na praia do Olho d’Água, no último fim de semana, reascendeu o debate sobre a ocorrência de “rachas” em São Luís. A cada dia, surgem novos relatos de disputas de velocidade entre motoristas na orla marítima, com público numeroso e sem qualquer ação repressora das autoridades municiais. Foi justamente um desses “pegas” que vitimou a garota, cujo corpo foi parcialmente dilacerado devido à violência do choque.

A praia do Olho d’Água é o ponto da orla escolhido pelos motoristas adeptos dos “rachas” atualmente. Na ânsia de exibir suas habilidades ao volante e a potência dos seus carros, os infratores põem a própria vida e a de outras pessoas em perigo. Cada vez mais audaciosos e idolatrados em seus círculos de convívio, os marginais do trânsito têm até torcida organizada e alguns não se acanham em ostentar seus feitos nas redes sociais da internet.

Impressiona a passividade das autoridades de trânsito e mesmo das forças de segurança pública ante a ocorrência de competições de velocidade no Olho d’Água. Não são poucas as testemunhas dos “pegas”, entre as quais donos e funcionários de bares, que vêem a clientela minguar por temer os riscos provocados pelos “rachas”. Se as denúncias, até agora, não foram suficientes para mobilizar os órgãos que deveriam reprimir essa prática, a perda de uma vida tem um apelo mais forte e certamente mobilizará a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) e as polícias Militar e Civil.

Se a inércia das autoridades impressiona, a presença de uma adolescente de 12 anos em um ambiente extremamente inóspito e em horário tão impróprio é estarrecedor. A exposição da garota a tamanho risco foi determinante para a tragédia, que poderia ter sido evitada caso a família e os órgãos de proteção à infância e à juventude de fato cumprissem suas obrigações.

Alguns itens compõem o cenário dos “rachas”. O uso de álcool e outras drogas é comum, até mesmo entre alguns “competidores”, minutos antes de correr. A empolgação que toma conta dos motoristas e da torcida é proporcional à irresponsabilidade que impera durante as disputas. Entorpecidos, motoristas e torcedores atinge o ápice da euforia e ignoram riscos, tornando-se vítimas potenciais de sua própria imprudência.

A morte da adolescente não deve ficar impune. A polícia terá que usar todos os recursos para identificar e prender os envolvidos no crime, que esta altura já devem ter procurado refúgio. Da mesma forma, as autoridades precisam agir imediatamente para coibir os “rachas” e impor o rigor da lei aos adeptos de tamanha imbecilidade.

Editorial publicado por O Estado do Maranhão nesta segunda-feira

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