Com o aumento dos casos suspeitos de microcefalia devido à epidemia de zika vírus no Brasil e também no Maranhão, mulheres gestantes devem realizar todos os exames de pré-natal, principalmente a ultrassonografia, fundamental para diagnóstico dos casos. No exame de ultrassom, realizado no segundo trimestre de gestação, é possível saber as medidas da circunferência cefálica (cabeça), do abdômen e dos ossos, detectando a anomalia. O IBGE estima que 42,4% das grávidas não passam pelas mínimas seis consultas indicadas pelos médicos. A pesquisa revela também haver deficiências do acesso à ultrassonografia.
Os médicos sempre dizem que a importância das imagens de ultrassom vai além de revelar o sexo e ouvir as batidas do coração do bebê. A US é imprescindível para diagnosticar malformações e identificar sinais sugestivos de doenças genéticas, como a síndrome de Down. Segundo o radiologista Sylvio Batista, da Clínica i.Medical, em São Luís, os exames de ultrassonografia são indispensáveis para a saúde do feto e da gestante. A partir de um diagnóstico de malformação, por exemplo, é possível direcionar mãe e feto para acompanhamentos específicos, visando sempre o bem-estar de ambos. Os diversos tipos de US realizados durante a gravidez têm funções distintas. “O exame de ecografia obstétrica, por exemplo, é feito várias vezes para confirmar a idade do feto e acompanhar a evolução da gestação”, explica Sylvio Batista.
Durante as consultas de pré-natal, os obstetras orientam as pacientes sobre o período gestacional ideal para a realização da ultrassonografia morfológica. O exame morfológico de primeiro trimestre deve ser solicitado para todas as grávidas, entre a 11ª e 13ª semanas de gestação. Por meio dele, é possível diagnosticar algumas malformações do feto como a anencefalia e a holoprosencefalia, além de rastrear anomalias congênitas, conforme o radiologista.
Fetos portadores de Síndromes de Down habitualmente apresentam sinais como bexiga em tamanho maior que o normal, ausência do osso nasal e o aumento na medida da nuca, chamada de translucência nucal. “Neste caso, a gestante deve avaliar junto com seu médico a necessidade da realização de outros exames para a confirmação do diagnóstico”, diz Sylvio Batista.
Morfológico – De acordo com o médico, entre a 18ª e a 24ª semana, a gestante deve realizar o ultrassom morfológico de segundo trimestre. Esse exame possibilita um estudo detalhado da anatomia fetal, sendo possível identificar diversas malformações, como as cardíacas, do sistema nervoso central, do sistema músculo-esquelético, renais, da face, pulmonares, do sistema digestivo. Ou seja, um estudo detalhado do feto.
O s obstetras recomendam ainda a ecografia com doppler, entre 24 e 32 semanas. O exame avalia a vitalidade do bebê por meio de um estudo do fluxo sanguíneo no cordão umbilical, no cérebro e nas artérias uterinas. O doppler possibilita avaliar o grau de oxigenação e de nutrição fetal, importantes indicadores do funcionamento da placenta.
Por meio do exame de ultrassonografia com doppler é possível identificar sinais de alerta para doenças como hipertensão e pré-eclâmpsia, fatores determinantes na saúde gestacional. Esse é um exame fundamental para o acompanhamento das gestações de alto-risco, auxiliando na identificação do sofrimento fetal e na determinação do melhor momento para a indicação do parto nessas situações.
Sylvio Batista enfatiza que o diagnóstico de uma malformação fetal possibilita um melhor acompanhamento da gravidez. “Diante da confirmação de alguns casos de anomalias como hérnia diafragmática congênita e também da meningomielocele (defeito de fechamento da coluna vertebral), o obstetra pode avaliar a possibilidade de intervenção ou correção do problema ainda durante a gestação, dentro do útero materno”, informou o radiologista.
Ele cita também as anomalias progressivas, como por exemplo em casos de hidrocefalia que apresentem piora com o avançar do período gestacional, que necessitam de antecipação do parto para evitar danos maiores. “Em casos de anomalias associadas, pode-se diagnosticar algumas doenças genéticas que apresentam risco elevado de recorrência (repetição em gestações futuras), permitindo um aconselhamento do casal”, conclui o médico Sylvio Batista.