Pressão por aumento de passagem não para

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Rodoviários negam que última greve do transporte tenha sido mecanismo de pressão por reajuste de tarifa
Rodoviários negam que última greve do transporte tenha sido mecanismo de pressão por reajuste de tarifa

É cada vez mais notória a movimentação de empresários do setor de transporte público de São Luís pelo reajuste da tarifa paga pelos usuários do serviço. Os sucessivos atrasos de salários e adiantamentos de motoristas, cobradores e fiscais – como o que levou, ontem, o sindicato da categoria a acionar os patrões na Justiça do Trabalho – dão a impressão de crise financeira no sistema, mas será que é essa mesma a realidade?

A resposta é difícil, uma vez que os cofres das empresas são invioláveis. Mas os fatos mostram que a alegada dificuldade de caixa está longe de ser algo dramático. Para observadores mais atentos ou mesmo para o cidadão comum, a pressão pelo aumento de passagem é motivada tão somente pela perspectiva de lucro máximo – e de nenhuma perda. Muitos enxergam como um desejo incontido dos empresários de passar incólumes aos efeitos da crise econômica que vem devastando o Brasil.

Faz sentido, pois é impensável um segmento empresarial cujo faturamento é certo, inclusive com receita antecipada por meio do vale-transporte, esteja com as finanças abaladas. De certo, há evasão, tendo em vista a concorrência desleal imposta sobretudo pelo transporte alternativo e pelos táxis-lotação, que proliferam pela Ilha. Por outro lado, as imagens de ônibus superlotados nos mais diferentes itinerários dão a certeza de que a exploração de linhas de ônibus continua sendo uma atividade rentável.

O Sindicato dos Rodoviários já veio a público negar que suas mobilizações, algumas com paralisação da frota, tenham a ver com a ânsia dos donos das empresas pelo reajuste tarifário. A manifestação da entidade que representa os trabalhadores só reforça a ideia de que é uma iniciativa isolada dos patrões.

Poder de barganha não falta aos empresários. Com a chave do cofre na mão, eles podem, por necessidade ou mesmo por vontade, atrasar os salários dos seus empregados, como já vem ocorrendo há alguns meses, gerando um efeito dominó, com consequências drásticas para os usuários do sistema. Com interesses contrariados, é quase certo que estejam dispostos a apertar o gatilho da tensão social causada pela falta de transporte.

A população rechaça o aumento, enquanto a Prefeitura não adota postura clara sobre a questão. Visivelmente encurralada, a administração municipal prefere tergiversar a impor sua autoridade – ou admitir a falta dela.

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