Resolução garante que travestis e transexuais utilizem seus nomes sociais dentro da UFMA

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Documento garante a servidores, estudantes, professores e usuários uso e inclusão de seu nome social nos registros oficiais e acadêmicos
Documento assinado pelo reitor Natalino Salgado garante a servidores, estudantes, professores e usuários uso e inclusão de seu nome social nos registros oficiais e acadêmicos

O reitor Natalino Salgado assinou, ontem, Resolução do Conselho Universitário que determina o uso do nome social no âmbito da Universidade Federal do Maranhão. O documento garante a servidores, estudantes, professores e usuários, cujo nome de registro civil não corresponda a sua identidade de gênero, a possibilidade de uso e inclusão de seu nome social nos registros oficiais e acadêmicos. .

Registrado como Ruy Costa Rodrigues, a estudante de hotelaria Julia Naomi Costa Rodrigues há muito lutava por esse direito e comemora a conquista, que considera importante pela questão da aceitabilidade. “É uma coisa que afasta o aluno ou a aluna transexual da educação e atrapalha uma aproximação com o ambiente acadêmico”, teoriza

Segundo ela, essa resolução é um grande passo para gerar discussões que sirvam, também, como um convite à sociedade para ampliar o debate sobre o tema em outras áreas. “Acredito que só conhecemos algo a partir do momento em que começamos a debater. Hoje, foi a assinatura de uma resolução, mas, principalmente, o princípio de um debate na Universidade sobre as questões de gênero. Há muito trabalho a ser feito”, diz acreditar.

Estudante de Rádio e TV e membro do Coletivo pela Diversidade Sexual da UFMA, Mara X, Marcelo Oliveira fala do avanço da Universidade com relação às políticas de afirmação LGBT. “A utilização do nome social na Universidade é uma das reivindicações que sempre foi pauta no movimento LGBT dentro do universo acadêmico. Essa resolução é um ganho significativo para fortalecer o ativismo na comunidade”, avalia.

A pró-reitora de ensino, Isabel Ibarra, explica que com a assinatura desta resolução todos os documentos de uso interno da Universidade, como lista de frequência, por exemplo, terão o nome social do usuário, enquanto que os documentos externos como diplomas, declaração, terão os dois nomes, tanto o social quanto o civil, sendo que o nome de destaque será o social.

Para o reitor Natalino Salgado a iniciativa da UFMA se coaduna com os direitos humanos assegurados na Constituição Federal. “Aquelas pessoas que se identificarem como travestis e transexuais terão o direito de ter seu nome social como instrumento legal, tramitando dentro da Universidade. A UFMA está entre as universidades brasileiras que sai na frente e atende a uma demanda muito presente na sociedade e no mundo inteiro”, explica.

Segundo o reitor, o mais importante agora é ampliar essa discussão. “Criamos uma comissão que vai trabalhar e elaborar cartilhas educativas e de conscientização social. Este é um processo permanente para educar as pessoas da necessidade da convivência com a diversidade e deve contribuir para acabar com a intolerância”, pontua.

Natalino lembra que desde o início do seu mandato a UFMA está ampliando o processo de inclusão social. “A Universidade tem sido muito inovadora. Essa resolução consolida ainda mais a certeza de que a Universidade possui clareza e percepção para atender as demandas e ansiedade das comunidades”, finaliza.

Saiba mais

Em janeiro de 2015, a presidenta do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoções dos Direitos de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais, Janaína Barbosa de Oliveira, assinou a resolução Nº 12/2015, de 16 de janeiro de 2015, onde estabelece os parâmetros para a garantia das condições de acesso e permanência de pessoas travestis e transexuais – e todas aquelas que tenham sua identidade de gênero não reconhecida em diferentes espaços sociais – nos sistemas e instituições de ensino, formulando orientações quanto ao reconhecimento institucional da identidade de gênero e sua operacionalização.

Algumas universidades como de Pernambuco, Goiânia e Bahia já adotaram uma resolução como essa, assim como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), já vinha adotando a norma para que os candidatos transexuais pudessem utilizar seu nome social durante a realização da prova.

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