Menos de dois meses depois de ter comprado briga com a Igreja Católica por ter constrangido um padre que prestava assistência religiosa a presos de Pedrinhas com o comentário jocoso de que o sacerdote fazia o trabalho em troca de um “mensalinho”, o governador Flávio Dino (PCdoB) resolveu endurecer em relação à questão.
Se na época o comunista abordou o assunto em tom de gozação, agora leva a questão extremamente a sério ao baixar portaria instituindo uma série de normas para regulamentar o serviço e extinguindo o pagamento a padres, pastores e demais líderes religiosos que levam espiritualidade e palavras de conforto aos detentos.
Dino deu a infeliz declaração durante reunião, no Palácio dos Leões, em 29 de junho, para entrega da minuta do projeto de lei que cria mecanismo estadual de prevenção e combate à tortura e o Comitê Estadual de Combate à Tortura (recorde). Mas, o que o governador chamou equivocadamente de “mensalinho”, na verdade, era o pagamento feito ao padre Roberto Perez, membro da Pastoral Carcerária, por um serviço de extrema importância para a manutenção da ordem nas prisões. O sacerdote recebia do Estado mediante um contrato cuja finalidade era prestar assistência religiosa a presidiários que cumpriam pena no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
A própria Arquidiocese de São Luís disse, por meio de nota assinada pelo arcebispo de São Luís, Dom José Belisário, ter conhecimento de que o padre prestava o serviço remunerado. “É do nosso conhecimento que o padre Roberto Perez teve um contrato com o Governo do Estado para atuar junto aos presídios, dando assistência religiosa aos presos e presas, o que pode ser comprovado com o testemunho de todos os membros da Pastoral Carcerária, pelos próprios apenados e apenadas do complexo Penitenciário de Pedrinhas e de todo o Maranhão, trabalho que exerceu com seriedade e compromisso cristão”, atestou a Igreja Católica.
Quanto às normas de segurança para o acesso de padres, pastores e outros líderes religiosos, estas são realmente necessária. Já a extinção da remuneração poderia perfeitamente ser rediscutida. Mas, mantendo seu estilo turrão, o comunista impôs sua vontade e sua visão de mundo, que por diversas vezes já se provou opaca e de curto alcance.
Além de mesquinho, o ato de Flávio Dino é temerário, pois desmerece um trabalho visto como de suma importância por gestões anteriores, pelas diversas religiões e pelos próprios condenados para amenizar a violência que impera nas cadeias.