O blog teve acesso a uma lista com nomes de funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa do Maranhão. São pessoas ligadas a políticos e até um ex-deputado, que recebem polpudos salários, embora nunca tenham botado o pé na sede do Poder Legislativo estadual para trabalhar. Um contrassenso, já que atualmente a direção da Casa alega não ter recursos para implantar o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) para pouco mais de 400 servidores efetivos.
Encabeçam a lista de fantasmas da AL a ex-primeira-dama do Estado, Alexandra Miguel Cruz Tavares, ex-mulher do ex-governador e hoje deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), e Aderson de Carvalho Lago Filho, ex-deputado estadual e ex-chefe da Casa Civil, hoje afastado da política, que vem a ser pai do secretário de Transparência e Controle do Governo Flávio Dino, Rodrigo Lago.
Morando atualmente em Brasília, Alexandra Tavares, que também foi secretária de Estado de Solidariedade Humana, na gestão do ex-governador Jackson Lago, cassado em 2009, foi nomeada em 1º de março deste ano para o cargo de secretária do gabinete da Presidência da Assembleia. O vencimento tem símbolo ISO e pode chegar a R$ 14 mil. Mesmo sem fazer jus à sinecura, pois há anos deixou de residir no Maranhão, ela mantém o gordo salário, com as bênçãos de Humberto Coutinho, aliado político e mui amigo do seu ex-esposo.
Também não se tem notícia de que Aderson Lago bata ponto na Assembleia. Afastado da política desde a cassação do primo Jackson, em cuja gestão detinha poderes supremos, ele submergiu, chegou a ter a prisão preventiva pedida sob a acusação de desvio de recursos públicos e passou a operar apenas nos bastidores. Mergulhado no ostracismo, ele foi lembrado por Coutinho e em 1º de abril também passou a ganhar um ISO, no mesmo patamar do que recebe Alexandra.
Poder
Por falar em poder, Aderson Lago costuma se esbaldar nele, sem medir consequências, quando tem oportunidade. Um exemplo foi o caso que ficou conhecido como Ópera Prima, nome de uma agência de propriedade do seu filho Aderson de Carvalho Lago Neto. Sediada no Rio de Janeiro, a empresa faturou cerca de R$ 5 milhões, desviados da Secretaria de Estado da Saúde, via Prefeitura de Caxias, no ano eleitoral de 2006. Tudo graças à influência paterna. Coincidência ou não, o prefeito caxiense da época era ninguém menos do que Humberto Coutinho, que se mantém extremamente generoso com a família Lago.
Envolvida em uma crise gerada pela relutância do seu presidente, Humberto Coutinho (PDT), em aprovar o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos dos funcionários efetivos da Casa, sob a alegação de falta de recursos financeiros, a AL desmente a si própria ao manter em sua folha de pagamento indivíduos que não exercem as funções para as quais foram nomeados.