O conflito de interesses que envolve os Sindicatos dos Trabalhadores e das Empresas de Transporte e a Prefeitura de São Luís é um nó difícil de desatar. A cada manifestação, como a que deixou a cidade sem ônibus durante cinco horas, hoje, a crise se agrava. O pior é que até o momento, não se enxerga qualquer indício de solução para o impasse, que tantos transtornos têm causado a milhares de usuários do serviço na capital.
O jogo de pressão parece interminável e é marcado sempre pelos mesmos lances. Trabalhadores reivindicam reposição salarial aos empresários. Os patrões, por sua vez, reagem adotando uma postura irredutível, alegando que o sistema opera no vermelho. A insatisfação das duas partes converge para a Prefeitura, que, por não saber o que fazer para atender ambos os lados, mantém-se inerte, contribuindo para a degradação progressiva do sistema.
Em entrevista concedida hoje a uma emissora de rádio local, o prefeito João Castelo (PSDB) voltou a reconhecer a crise do transporte coletivo. Apesar de estar ciente do caos que tomou conta do setor, ele não toma qualquer atitude para mudar a situação. Questionado sobre a possível criação de uma empresa pública de ônibus, ele se diz favorável que o serviço continue sendo explorado pela iniciativa privada. Se o assunto é a licitação de linhas iniciada ainda na gestão do ex-prefeito Tadeu Palácio, o silêncio é sepulcral.
Enquanto a Prefeitura não se manifesta, patrões e empregados conduzem a crise a seu modo. Livres do monitoramento rigoroso do poder público, empresários e trabalhadores submetem os usuários aos mais cruéis abusos. Vítima da instabilidade de um sistema cuja desorganização é um infeliz contraste em relação à sua importância, a população é obrigada a utilizar um serviço cuja qualidade cai a cada dia.
Resta saber até quando a crise do transporte coletivo de São Luís perdurará. É preciso encontrar uma solução que satisfaça a todos e que não imponha aos usuários o sacrifício de arcar com um indesejável aumento de tarifa.
Foto: Douglas Jr./O Estado do Maranhão