Cidade vulnerável

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Postes caíram na Avenida dos Portugueses por causa da erosão agravada pela chuva (Foto: Biné Morais)
Postes de alta tensão caíram na Avenida dos Portugueses devido à erosão agravada pela chuva (Foto: Biné Morais)

São Luís, definitivamente, não está preparada para enfrentar o período chuvoso. Tão logo caem os primeiros pingos, ocorre uma série de problemas, desde panes em semáforos até deslizamento de encostas, não raro com vítimas humanas. A rede elétrica também é afetada gravemente, com sucessivas interrupções do fornecimento de energia, que afetam milhares de consumidores. A queda de seis postes de alta tensão na Avenida dos Portugueses, na noite da última segunda-feira, foi a consequência mais recente da falta de um plano emergencial capaz de amenizar os efeitos danosos das chuvas para a população da capital maranhense.

No caso da queda dos postes, o motivo apontado pela Cemar foi a erosão do solo, o que tornou mais frágeis as bases das estruturas, que não resistiram à força da enxurrada. É estranho que a companhia não tenha previsto o acidente, que poderia ter causado prejuízos mais sérios caso alguém estivesse passando por perto na hora em que os postes foram ao chão. O episódio sugere, no mínimo, imprudência, mas, em vez de admitir alguma culpa, a empresa preferiu fazer recomendações para prevenir danos físicos e materiais envolvendo a rede elétrica em momentos de chuva.

O tempo chuvoso é sinônimo de risco constante nas áreas de São Luís onde o relevo é mais suscetível a desabamentos, deslizamentos de terra e alagamentos. É o caso de bairros como Coroadinho, Sacavém, Vila Lobão, Vila Embratel, entre outras localidades da capital habitadas por pessoas sem noção do perigo ou por quem simplesmente ignora a ameaça. O problema é antigo, mas até hoje nenhuma autoridade o enfrentou de forma efetiva, de modo a dar uma solução definitiva para o drama de milhares de famílias que vivem na iminência de uma tragédia a cada temporal.

O estado precário de grande parte das ruas e avenidas é outro obstáculo enfrentando pela população da capital. Com as vias inundadas, os buracos e outras deformações nas pistas transformam-se em verdadeiras armadilhas para os motoristas. Galerias abertas são outra ameaça, principalmente para pedestres. A vítima mais recente da combinação de descuido e descaso foi um adolescente de 13 anos, que em maio do ano passado desapareceu ao cair em um bueiro enquanto brincava com amigos na Avenida Carlos Cunha. Chovia torrencialmente e o corpo do jovem foi encontrado mais de uma hora depois, em uma área de mangue no Jaracati, após ter sido arrastado por vários quilômetros da tubulação.

A sinalização eletrônica de trânsito é outro item vulnerável ao tempo fechado em São Luís. Basta chover por alguns minutos que conjuntos semafóricos inteiros entram em pane, tornando o ato de trafegar pela cidade um exercício de paciência e atenção. Para piorar, muitos motoristas ignoram a recomendação de dirigir com cuidado ao menor sinal de precipitação, pondo em risco a própria vida e dos demais condutores e pedestres.

Em franco processo de crescimento, São Luís tende a se tornar ainda mais suscetível aos estragos causados pela chuva. A ocupação desordenada de áreas e a escassez de intervenções estruturais criam um ambiente inóspito, onde dezenas de milhares de pessoas convivem, a todo instante, com o risco de perder bens materiais ou a própria vida. Tudo por causa da falta de ação das autoridades em lidar com a natureza e seus efeitos.

Editorial publicado nesta quarta-feira em O Estado do Maranhão

2 comentários para "Cidade vulnerável"


  1. maria clara

    Realmente pelo que vejo São Luís está acabada, Caostelo teve sorte apesar de tudo que aconteceu no mandato dele não chuveu e os problemas que já eram grandes não se agravaram, Edivaldo está tendo a oportunidade de ver a chuva e tb de resolver os problemas que estão aparecendo os novos e os velhos como sempre vai acontecer, vamos crer que a mudança que esperamos p mnelhorar SL, p melhorar o MA que tanto sofre.

  2. Flora Dantas

    Infelizmente, esses problemas na rede elétrica acontecem, espero que a Cemar melhore a rede elétrica dessa região, porque até tenho visto equipes da prefeitura trabalhando em algumas avenidas da cidade. Agora já essa questão das moradias em área de risco de desmoronamento é complicado, pois essas pessoas quando fizeram essas construções em cima de barrancos, eram cientes de riscos.

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