Aplicativos sem aplicabilidade na greve?

Arte: reprodução/Instagram

Diante da falta de transparência da Prefeitura de São Luís e da complexidade do processo que antecede a disponibilização de corridas por aplicativo à parcela da população afetada pela greve do transporte público, é fundamental questionar se a medida tem, de fato, aplicabilidade. Com o projeto de lei que cria o serviço alternativo de mobilidade aprovado pela Câmara Municipal, cabe agora ao prefeito Eduardo Braide (PSD) e sua equipe técnica se debruçarem sobre os mecanismos que tornem viável a solução emergencial.

A primeira dúvida que surge é sobre a capacidade da frota de veículos de trasporte por aplicativo cadastrados nas plataformas que operam o serviço de atender toda a demanda da capital, estimada em cerca de 700 mil passageiros. Esse deve ser o primeiro obstáculo com o qual Braide e seus auxiliares devem se deparar, tendo como agravante a necessidade de garantir de imediato a locomoção a centenas de milhares de usuários.

É importante ressaltar que muitos motoristas de aplicativo se recusam a transportar passageiros para determinados bairros da cidade, em razão da falta de infraestrutura, da distância e, sobretudo, por causa da violência, que já ceifou vidas de alguns trabalhadores da categoria. Esse é mais um complicador, que gera ainda mais desconfiança em relação à concretização da medida. E mais: tende a penalizar os cidadãos mais pobres, moradores da periferia e da zona rural.

Outra dificuldade diz respeito ao período da noite, quando um contingente expressivo de pessoas está indo ou voltando do trabalho, da escola, faculdade e outros destinos. Quanto a esse fator, o projeto de Braide esbarra na menor oferta de veículos após as 18h, período em que grande parte dos condutores deixa de circular, também por questões de segurança.

O prefeito e seus técnicos trabalham sob extrema pressão para viabilizar as corridas de Uber, Pop e outras plataformas do gênero ao povo enquanto não há coletivos. A julgar pelo tom firme da sua fala ao anunciar a solução drástica, Braide deve ter mesmo um plano para por em prática o que prometeu. Com a paralisação dos ônibus se aproximando das 48 horas, ele está obrigado efetivar a medida no menor tempo possível, sob pena de ser taxado de incompetente, midiático e demagogo, confirmando os comentários dos que o acusam de estar apenas jogando para a plateia.

Em meio a tantos embaraços, muitos dizem não crer que a providência propagandeada pelo prefeito nas redes sociais é algo real. Talvez por isso, o vereador Joel Nunes (PSD), líder do governo Braide na Câmara Municipal, tenha expressado o desejo de que o uso dos aplicativos para transportar a população durante a greve de ônibus não seja necessária, pregando o entendimento entre empregados e patrões e o consequente fim da paralisação.

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