Fiz algumas viagens com o fotógrafo e jornalista Douglas Júnior quando trabalhávamos em O Estado do Maranhão, antigo diário da Ilha de São Luís. Foi triste ter de me despedir do amigo, ainda tão jovem, nesta quinta-feira (23.01). Lembro-me quando cheguei à redação e olhei aquele novo fotógrafo com cara de poucos amigos, um jeito rebelde e sem medo no olhar. Ainda era editor de capa quando ele se tornou editor de fotografia. Tinha a melhor imagem para estampar na primeira página.
Tornamo-nos amigos nas coberturas da vida e tomamos muita cerveja e cachaça juntos em noites divertidíssimas de alguns memoráveis carnavais. No trabalho, fosse na rua ou na redação, conversávamos bastante. Ensinou-me sobre técnica fotográfica, sobre apuração e entrevista, sobre cultura popular, luta e sobre a vida. Sempre me incentivou a escrever e sempre dava parecer acerca de meus textos – para elogiar ou para corrigir algum deslize.
No curso de jornalismo, conheci uma ex-namorada de juventude que dele me disse: “Douglas tem um olhar bondoso, apesar da cara de mau”. Era verdade. Algumas de suas fotografias revelam isto muito claramente.
Quando se começou a falar em humanização na comunicação, Douglas Júnior já dava atenção à história pessoal em sua prática jornalística há muitos anos. Era um amigo atento e frequentemente trocávamos mensagens. Lamento muitíssimo sua morte. Se não tivesse partido assim, tão de repente, não teria sido Douglas.
Gentil como de costume, deixou-me como herança a paixão pela vida e a eterna alegria de sonhar e criar. Descanse em paz, guerreiro!
André Lisboa, amigo e colega de trabalho