Dia D do Mobiliza SLZ marca Dia da Consciência Negra no Centro Histórico da capital maranhense

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Programação incluiu feiras, degustações da culinária típica e outras atividades na região do Largo do Carmo e da Praça João Lisboa

Diretoria do Sebrae Maranhão prestigiou a agenda do “Dia D” do Mobiliza SLZ (Foto: Divulgação/Sebrae Maranhão)

O Centro Histórico de São Luís exalou ainda mais cultura e criatividade no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. A 4ª edição do Mobiliza SLZ, movimento que fortalece negócios da economia criativa na capital maranhense até o próximo domingo (24), promoveu o “Dia D”, ação que levou à região do Largo do Carmo e da Praça João Lisboa feiras criativas, oficinas, apresentações artísticas, passeios afroturísticos e ações gastronômicas exaltando as raízes afro-indígenas da culinária maranhense.

O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, Celso Gonçalo, ressaltou a importância do evento como um espaço de integração entre parceiros e empreendedores. “Esse é o quarto Mobiliza que realizamos aqui em São Luís, uma grande oportunidade de mobilizar pequenos empreendedores em diversos segmentos. Estamos aqui com o SESI, Senai e Fiema, parceiros que fortalecem essa união do Sistema S, promovendo uma parceria constante e frutífera”, sublinha.

Já o diretor técnico do Sebrae no Maranhão, Mauro Borralho, pontuou que a proposta do “Dia D” é fazer um tributo à tradição cultural herdada dos negros e dinamizar esse território, por meio da oferta de atividades que agreguem conhecimento e valorizem a cultura negra. “Tivemos temáticas voltadas à inovação, à inclusão, à diversidade, ao afroempreendedorismo, empreendedorismo feminino, apresentações culturais e negócios sendo gerados”, destaca o idealizador do Mobiliza SLZ.

Apresentação do Boi de Santa Fé foi uma das atividades no Centro a reforçarem o valor da herança cultural negra (Foto: Pink Ph/Comunidade Mota)

Pela manhã, o casarão da Agência Marandu, no Largo do Carmo, recebeu a iniciativa “Raízes fortes, asas abertas: empreendendo com identidade”, que contou com palestra inspiracional abordando desafios superados por empreendedor negro e com roda de conversa na qual empreendedoras negras compartilharam conhecimento e experiências. No Restaurante Quintas da Lisboa, na Praça João Lisboa, o “Degusta Maranhão” mesclou contação de histórias e uma deliciosa degustação de pratos típicos regionais, retratando as origens da culinária maranhense.

Durante a tarde e a noite, ficaram concentradas a maior parte das agendas alusivas à data. O “Caminho Ancestral” e a “Experiência ‘Caminhos da Encantaria” consistiram em passeios guiados que celebraram manifestações culturais e a história de resistência dos antepassados negros, que marcaram a cidade. Houve ainda apresentação de bumba meu boi, manifestação popular com influência da cultura negra, e feiras criativas organizadas principalmente por pessoas autodeclaradas pretas ou pardas.

Visando fazer uma grande ocupação criativa no Centro Histórico, a agenda do “Dia D” também contou com oficinas de bordado à mão, de customização de ecobag e de reggae; workshop que explorou o potencial da fotografia feita com o celular; apresentação de novo prato no cardápio maranhense do Restaurante Quintas da Lisboa; e degustação de comidas típicas locais realizada pelo SESI.

A artesã Silmara Nogueira participou da “Feira MA Preta”, no Mobiliza, pela primeira vez (Foto: Divulgação/Mobiliza SLZ)

Empreendedorismo negro

Ao lado da “Feirinha dos Artistas”, a “Feira MA Preta” promoveu o afroempreendedorismo por meio de exposições e oferta de serviços na Praça João Lisboa. A maranhense Elvira Lourdes Ferreira, de 65 anos, aproveitou o feriado para prestigiar a apresentação do Boi de Santa Fé no local e conheceu as feiras montadas na praça. Ela aprovou as ações do “Dia D” e considerou importante a iniciativa da feira de empreendedorismo negro. “Não tem que discriminar, tem que estar todo mundo unido”, diz a visitante.

De acordo com a empreendedora Ana Rosa Silva, responsável pela “Feira MA Preta”, a parceria entre o Mobiliza e a feira, que compõe a programação do movimento desde 2022, tem sido produtiva. “É um evento que está mobilizando a cidade de São Luís inteira, a Grande Ilha, mostrando não somente a comercialização de produtos de mulheres pretas, mas também a cultura preta”, avalia.

É a primeira vez que a artesã Silmara Nogueira, de 31 anos, expõe seus produtos na “Feira MA Preta”. Ela, que trabalha com artigos religiosos e acessórios com miçangas há quase dez anos, já participou de outras feiras criativas, mas garante que a experiência valeu a pena. “A grande oportunidade que nós temos da junção do Mobiliza junto com a ‘Feira MA Preta’, porque alcança várias pessoas, e, justamente nesses dias, conseguimos ir para vários lugares divulgando não somente nosso trabalho, mas também apoiando todo esse comércio entre nós”, afirma.

No Mobiliza desde 2022, a “Feira MA Preta” é liderada pela empreendedora Ana Rosa Silva (Foto: Divulgação/Mobiliza SLZ)
Foto 5 – A artesã Silmara Nogueira participou da “Feira MA Preta”, no Mobiliza, pela primeira vez (Foto: Divulgação/Mobiliza SLZ)

Dados

De acordo com um estudo do Sebrae, produzido em setembro deste ano, o Maranhão é um dos estados com maior proporção de empreendedores negros no Brasil, com 80% dos empreendedores se autodeclarando negros, o que corresponde a 732.747,94 donos de negócio. Percentualmente, o estado ocupa o terceiro lugar no ranking, atrás apenas do Amapá e Acre. 

No Brasil, os donos de negócio somaram quase 30 milhões no último trimestre de 2023. Os negros representam 52,4% desse total, o que equivale a aproximadamente 15,6 milhões de pessoas. Os brancos vêm em seguida, com 46,3% do total, em torno de 13,8 milhões de pessoas. Outras etnias, incluindo amarelos e indígenas, representam 1,3% dos empreendedores, ou cerca de 389 mil pessoas.

A maranhense Elvira Ferreira conheceu e aprovou as atrações do Mobiliza no Centro Histórico (Foto: Divulgação/Mobiliza SLZ)

O número de empreendedores negros cresceu 28% no país entre o fim de 2012 e o final de 2023, enquanto os brancos registraram um aumento de 20% no mesmo período. A pesquisa classifica como negros pessoas pretas ou pardas, e considera como donos de negócios os responsáveis por empreendimentos formalizados ou não.

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