Cirurgia do aparelho digestivo explica que a hérnia tem a tendência de crescer, levando à chance de parte do intestino ficar preso nela. Isso possibilita o encarceramento e, em casos mais graves, estrangulamento do intestino
SÃO LUÍS – Uma significativa porcentagem da população brasileira apresenta algum tipo de hérnia na região do abdômen. Apesar de ser um problema relevante de saúde pública, as hérnias podem ser tratadas com cirurgia e, na maioria dos casos, nunca mais incomodam.
Segundo o cirurgião do aparelho digestivo Hérquimas Pereira, o quadro atinge cerca de 10 a 15% da população, sendo mais comum em homens devido à anatomia da pelve, que favorece o surgimento do problema. “Além disso, os homens têm mais costume de levantar objetos com carga muito alta”, explica o médico.
Em praticamente todos os casos, Hérquimas Pereira indica cirurgia para tratar o problema, especialmente nas inguinais. “Pois a hérnia tem a tendência de crescer, levando à chance de parte do intestino ficar preso nela. Isso possibilita o encarceramento e, em casos mais graves, estrangulamento do intestino, o que prejudica a passagem de sangue para o órgão e pode provocar necrose e até mesmo óbito”, explica.
A operação costuma ser feita por videolaparoscopia ou robótica e costumam ser necessárias incisões de 3 a 5 milímetros. O indivíduo normalmente tem alta no mesmo dia ou no dia seguinte, e após 2 a 3 semanas já pode voltar à vida normal.
Geralmente, a hérnia abdominal é consequência de situações que forçam esta região do corpo, como obesidade, gestação, constipação intestinal ou pegar muito peso, por exemplo. Além disso, tabagismo, diabetes e herança genética também são fatores de risco.
As hérnias abdominais correspondem ao escape de uma víscera através da parede abdominal, geralmente refletindo o enfraquecimento, afastamento ou a ruptura da musculatura do abdômen. Nem sempre as hérnias dão sinais, principalmente quando são pequenas. No entanto, quando começam a escapar pelos orifícios do abdômen, podem ser reconhecidas com abaulamentos na região ou causarem muitas dores.
As dores relacionadas costumam ser piores durante esforços físicos, como levantar objetos pesados ou ficar durante muito tempo em pé, ou quando a parede do abdômen é contraída rapidamente durante o esforço para evacuar ou tossir. A pressão feita ao colocar a mão na boca e soprar, exame típico realizado em jovens durante o alistamento militar obrigatório, também pode indicar a presença de hérnias.
Os sintomas relacionados às hérnias abdominais podem surgir e desaparecer espontaneamente, voltando a se manifestarem de novo. Às vezes, porém, a víscera pode ficar presa no orifício da hérnia, deixando de retornar à posição normal. Quando isso acontece, há um bloqueio da circulação sanguínea no trecho aprisionado, podendo provocar a necrose desse tecido. Se for uma alça intestinal, pode até ocorrer um rompimento. Nesses casos, além da dor, surgem náuseas e vômitos.
Tipos de hérnias abdominais
- Hérnia inguinal – Ocorre na virilha (zona de junção entre a coxa e a parte inferior do abdômen) e é a mais comum entre as hérnias abdominais. Ela corresponde a 80% dos registros da doença, sendo os homens – principalmente quando iniciam a vida laboral – os mais afetados. Em alguns homens, ela pode ser expandida para os testículos, desenvolvendo, assim, a hérnia inguinoescrotal.
- Hérnia umbilical (ou paraumbilical) – Ocorre na região da cicatriz umbilical, principalmente em bebês.
- Hérnia incisional – Está relacionada às incisões cirúrgicas na região. Por isso, geralmente, afeta as pessoas mais velhas que tendem a ter passado por mais cirurgias que os jovens.
- Hérnia epigástrica – Ocorre na linha média do abdômen, acima do umbigo.
Uma forma de entender esse tipo de hérnia, é imaginar que o abdômen é uma casa; as janelas, os pontos de fraqueza por onde as vísceras se projetam; e as cortinas, os órgãos. Quando venta e parte da cortina sai pela janela, essa parte seria a hérnia.