Hoje Dia do Estudante, uma data que deveria ser marcada por comemorações. Mas este 11 de agosto de 2007 será lembrado como o mais triste da história do Maranhão. Impedidos de assistir aulas por culpa de um governo incapaz de resolver o impasse gerado pela greve de professores, que está no seu 81º dia, eles vêem seu futuro cada vez mais ameaçado. A teimosia do governador Jackson Lago já ganhou as manchetes da mídia nacional. Todos os dias, emissoras de rádio e tv, jornais, revistas e portais de notícias da internet dão destaque à paralisação, mostrando para todo o Brasil o descaso da administração pedetista com a educação.
Ontem, o governador Jackson Lago voltou a destilar seu ódio durante a solenidade que marcou a assinatura de dois convênios firmados com a Prefeitura de São Luís. Os contratos prevêem o asfaltamento de 400 ruas em 51 bairros da capital e uma operação tapa-buracos em toda a cidade. Como é seu estilo, o pedetista disparou impropérios contra os veículos de comunicação que fazem oposição ao seu governo, principalmente os que compõem o Sistema Mirante.
Depois de iniciar seu discurso com aquele velho lengalenga de oligarquia, libertação do Maranhão, grupo dominante, 40 anos de atraso e outros devaneios, Jackson afirmou, para espanto de boa parte da platéia, formada em sua maioria por secretários, assessores e outros subalternos, que 90% das escolas estaduais já haviam retomado as aulas.
No mesmo instante em que o governador dava as boas novas, mais de 100 professores protestavam na Superintendência de Recursos Humanos da Seduc na intenção de alertar os colegas de que os contratos que assinariam com o Estado seriam suspensos tão logo a paralisação fosse encerrada. A mobilização foi mais uma demonstração de que os docentes continuam firmes e que o clima de indignação gerado pela lei dos subsídios está longe de arrefecer.
Qualquer pessoa razoavelmente informada e em sã consciência jamais acreditaria que a greve está no fim. A realidade mostrada diariamente pela imprensa não-amilhada é completamente diferente. Isso porque a maioria dos alunos e pais não aceitou a forma improvisada encontrada pela Seduc para retomar o ano letivo e passou a ir às ruas protestar. Com sua medida destrambelhada, o máximo que o governo tem conseguido é colocar uns gatos pingados em sala de aula, juntando três turmas em uma só.
Também é fato que muitos professores contratados não se interessaram pela oferta de emprego feita pela Seduc e os que, por falta de opção, embarcaram na aventura, não terão condições de dar aulas em um ambiente conturbado como o das escolas estaduais desde o início da paralisação, há 80 dias.
O governador aproveitou seu discurso também para fazer promessas. Ele garantiu que até o ano que vem sua gestão terá construído 100 escolas. Ou seja, antes de resolver o problema que tanta dor de cabeça tem lhe causado, Jackson, na intenção de desviar o foco do desgaste causado pela greve, anuncia ações futuras, que nem sabe se terá condições de executar.