O atraso em números

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Mesmo tendo ultrapassado a casa de 1 milhão de habitantes, como atesta o último Censo do IBGE, o que a eleva, aparentemente, à condição de metrópole, São Luís conserva uma série de traços e resquícios que a mantêm no mais profundo atraso. Um dos mais evidentes é a ausência de dados estatísticos sobre diferentes áreas, que uma vez disponíveis forneceriam à população um panorama real da cidade e ajudariam as autoridades a executar as melhorias que os cidadãos tanto precisam e reivindicam.

Por exemplo, não há dados numéricos sobre acidentes de trânsito, poluição do ar e qualidade da água consumida na capital, só para citar algumas informações cuja carência remete a um estado de coisas provinciano. Como jornalista, sinto isso na pele diariamente. E admito: tal indisponibilidade impede a publicação de um noticiário mais preciso.

Também é impossível quantificar a distância média dos congestionamentos que se formam nas principais avenidas da capital. Assim como o tempo perdido pelas pessoas quando o tráfego está travado. Diante do caos que impera no trânsito da capital, tais informações são de grande valia, tanto para quem se locomove como para as autoridades, que têm entre suas obrigações propiciar melhor mobilidade urbana aos habitantes.

Informar áreas de maior incidência de crimes também ajudaria as pessoas a melhor se prevenir de assaltos, sequestros e outras ações praticadas por bandidos. Tal subsídio, no entanto, é inexistente, o que deixa a população ainda mais vulnerável à violência.

Há algumas exceções, como as estatísticas de homicídios divulgadas diariamente pela Secretaria de Segurança Pública em seu site (www.ssp.ma.gov.br). O Detran também disponibiliza dados sobre a frota de veículos, infrações de trânsito, número de condutores em sua página na internet (www.detran.ma.gov.br). Em meio à falta de transparência, registra-se, inclusive, a divulgação forçada de dados, a exemplo dos laudos de balneabilidade das praias de São Luís, emitidos periodicamente pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) por ordem da Justiça Federal. Todavia, é muito pouco diante do vasto leque de informações sonegadas.

Com o avanço da tecnologia, é impensável conviver com tamanha desinformação. É mais fácil acreditar que os governantes dispõem de tais dados e os guardam para si, privando os cidadãos de conhecer a real dimensão do descaso.

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