Após enfrentarem burocracia, embaraços e arcar com altos custos para liberação dos bens, proprietários são obrigados a caminhar em um lamaçal para retirar seus veículos
Em meio ao tráfego caótico e aos graves problemas de mobilidade urbana que atormentam a população de São Luís, pelo menos um serviço operado pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) funciona com plena eficiência: o reboque de veículos de ruas e avenidas, realizado por uma empresa terceirizada contratada pela pasta. A média diária de carros, motocicletas, caminhões e até ônibus removidos para o pátio do órgão da prefeitura, no bairro Maranhão Novo, chega a 15, segundo apurou o blog esta semana, em sucessivas visitas à SMTT para tratar de assunto particular, só resolvido após três penosos dias.
O fluxo de guinchos que adentram o pátio da secretaria com o auto de remoção cumprido impressiona. Bastaram alguns minutos de observação para testemunhar dois ou três reboques cruzando o portão para entregar veículos apreendidos à autoridade “competente”. Se foi coincidência, não é possível afirmar, mas foi essa a constatação visual. O entra e sai é tamanho que os seguranças responsáveis pelo controle de acesso amarram uma corda no portão para não ter que levantar a todo instante para abri-lo.
Despejados de forma aleatória, em um lamaçal, os bens dos cidadãos penalizados ficam expostos ao risco de avarias a todo instante. Mesmo após cumprir o trâmite de liberação, marcado por extrema burocracia, embaraços e gastos que aumentam conforme o tempo de permanência, o proprietário enfrenta outro desafio: localizar o veículo no meio da frota apreendida, sempre crescente. Uma vez encontrado o patrimônio, mais um incômodo: caminhar cuidadosamente na lama para, enfim, deixar o local inóspito, onde predominam dificuldades e inexiste facilidade.
Sabotagem da Semosp?
Outra informação apurada diz respeito ao não atendimento de uma solicitação feita pela SMTT à Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) para que seja providenciado o asfaltamento do pátio que abriga os veículos removidos. Oficializado há alguns meses pela SMTT, o pedido vem sendo solenemente ignorado pela Semosp e ainda não houve sequer uma reunião ou mesmo telefonema para encaminhar o assunto, que requer planejamento antes da execução. Até parece uma ação deliberada de uma pasta para sabotar a outra.
Quanto ao número de liberações de veículos, a média diária é bem menor: algo em torno de 10, com uma particularidade: à medida que o mês avança, a frequência de saída diminui expressivamente, pois os proprietários vão perdendo a capacidade financeira de arcar com as pesadas taxas cobradas de forma progressiva para a retirada dos seus bens. O resultado dessa desproporção é o acúmulo crescente, sobretudo de carros e motos, retidos no pátio da SMTT, que tem cada vez menos espaço para atender o fluxo.
A capital maranhense ganharia muito se a pasta cumprisse com o mesmo ânimo, vigor e aplicação as suas demais obrigações.
Em tempo: na Superintendência de Trânsito (Sutrans), setor da SMTT responsável por serviços diversos, como contratações de multas, credenciais de estacionamento, isenções e liberações de veículos apreendidos, chama atenção a fotografia que ilustra o painel onde são exibidas as senhas de atendimento. A imagem mostra uma mulher, que parece ser uma servidora, abraçando o ex-secretário Diego Baluz, exonerado há quase dois meses do cargo em meio à crise persistente do transporte público da capital, indícios de incompetência e suspeita de improbidade.
[…] propósito, este blog noticiou, há pouco mais de um ano, que o pátio da SMTT recebe, em média, 15 veículos guinchados por dia. Pelo visto, essa frequência se mantém, ou até aumentou, já que a presença de pessoas no […]
[…] A propósito, em matéria recente, este blog revelou, com base em informação de fonte credenciada, que o pátio da SMTT, no bairro Maranhão Novo, recebe, em média, 15 veículos guinchados diariamente. […]