Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), indica ainda que a capital, São Luís, registrou a hospitalização de 29 crianças na mesma faixa etária ano passado
O Maranhão foi a segunda unidade da federação em número de bebês com menos de um ano de idade internadas com desnutrição, em 2022, com 280 casos. A Bahia foi o estado com o maior número de hospitalizações: 480 no total. São Paulo, com 223 registros, completa a lista dos três estados em situação mais desfavorável. Os dados são do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que apontou que a média é de sete internações de crianças na mesma faixa etária por dia.
A diferença do Maranhão em relação à maioria dos estados do Nordeste é absurda. Para se ter uma ideia, no vizinho Piauí, a quantidade de hospitalizações não passou de 27 e na Paraíba, ficou em 35. No Ceará, que tem quase 2 milhões de habitantes a mais do que o Maranhão, a quantidade de intrernações foi quatro vezes menor. Pernambuco, outro estado mais populoso, registrou quase três vezes menos casos.
São Luís
O levantamento também trouxe dados de São Luís. De acordo com os dados apurados pela Fiocruz, a capital maranhense registrou, em 2022, 29 internações de bebês menores de um ano por desnutrição, sequelas da desnutrição e deficiências nutricionais. Em comparação com as outras oito capitais nordestinas, o Observa Infância reproduziu o cenário dos estados, apontando São Luís na 2ª posição, com 29 internações, número menor apenas do que os de Salvador.
A capital baiana, entre as capitais brasileiras, apresentou o maior número de hospitalizações, com 159 no total, seguida de Brasília (65) e São Paulo (43). Entre as regiões, o Nordeste ficou à frente, com 1.175 hospitalizações. Em seguida:
- Centro-Oeste: 777;
- Sudeste: 617;
- Sul: 376;
- Norte: 328.
Os números repetiram os péssimos indicadores de 2021, quando 2.979 hospitalizações foram registradas – o pior nível em 13 anos.
Leia no mapa os números em todo o Brasil:
Problema de saúde pública
Quando ocorre na primeira infância, a desnutrição está associada à maior mortalidade, à recorrência de doenças infecciosas, a prejuízos no desenvolvimento psicomotor, além de menor aproveitamento escolar e menor capacidade produtiva na idade adulta.
Devido ao alto risco de morte, as crianças com desnutrição grave devem ser adequadamente diagnosticadas e necessitam de internação hospitalar até que este risco diminua e ela possa, então, ser acompanhada em outros níveis de atenção à saúde, inclusive em domicílio. Nesse nível, é essencial que haja a ação efetiva do cuidador e o apoio deve ser dado por trabalhadores de saúde devidamente capacitados em reabilitação nutricional.
O Ministério da Saúde reforça que o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e a alimentação complementar saudável, com continuidade da amamentação até os 2 anos, é uma das medidas de prevenção da condição de desnutrição.
No entanto, a prevenção e o controle da desnutrição dependem de medidas amplas, para além de ações no campo da saúde pública, que sejam eficientes no combate à pobreza e à fome.