Não deslanchou

1comentário
Rua Retiro Natal, na Vila Fialho, é apelidada por moradores de "Rua do IPTU" e tem até placa
Rua Retiro Natal, na Vila Fialho, é apelidada por moradores de “Rua do IPTU” e tem até placa (Foto: Flora Dolores)

Passados os primeiros 120 dias, período definido pelo prefeito Edivaldo Júnior (PTC) como crucial para que sua gestão deslanchasse, o que se constata é uma São Luís abandonada em vários setores. Há quatro meses no cargo, o novo governo continua distante de conseguir implementar ações adequadas em áreas como saúde, infraestrutura, trânsito e transporte, que parecem estar piores do que quando ele assumiu o mandato, com a promessa de fazer um governo inovador.

A decepção é tanta que muitos cidadãos que votaram em Edivaldo Júnior hoje se declaram arrependidos de tê-lo escolhido, com comentários cada vez mais ácidos na mídia e nas redes sociais. Exemplos não faltam para justificar o desapontamento, sendo os mais evidentes a buraqueira que toma conta das vias públicas da cidade, o quadro agonizante verificado nas unidades mistas de saúde, os congestionamentos quilométricos, a frota de ônibus sucateada, entre outros inconvenientes que atormentam o dia a dia da população.

Na edição de hoje, O Estado mostra duas situações que evidenciam o quanto a administração da capital deixa a desejar. Na Vila Fialho, moradores, cansados de esperar por uma providência da Prefeitura, decidiram usar recursos próprios para tapar buracos em uma das ruas mais importantes do bairro. Outro exemplo ocorre no Jardim São Cristóvão, onde sucatas de automóveis permanecem sobre a calçada de uma via movimentada, obrigando os pedestres a caminhar perigosamente próximo aos veículos, ficando expostos ao risco de atropelamentos.

São problemas básicos, que poderiam ser resolvidos com o mínimo de boa vontade. Mas, ao que parece, essa qualidade é justamente o que falta para que os ludovicenses vivam em uma cidade melhor. Em meio às carências da população, independente da classe social, vê-se uma gestão que parece não ter consciência do desafio que tem a vencer. O resultado é a ausência de projetos que se revertam em ações de impacto, capazes de proporcionar bem-estar à coletividade.

Quatro meses é tempo suficiente para que qualquer gestor público mostre a que veio. Durante esse período, o que se viu, na verdade, foram ações mínimas, cuja difusão maciça é sempre desproporcional ao benefício gerado ao povo. Por falar em divulgação, tem-se atualmente um entrelaçamento perigoso entre a gestão da área de comunicação e a prática de governo, fazendo com que a primeira se sobreponha à segunda, gerando distorções entre o que acontece de fato na administração e o que é exposto pelos meios de comunicação.

Está na hora de mudar o cenário da capital e livrar São Luís de problemas que já deveriam ter sido eliminados. Até porque, em campanha, o atual prefeito e os que lhe dão retaguarda condenavam veementemente o caos no qual a cidade estava mergulhada. Infelizmente, a prática não seguiu o discurso. E, por incrível que pareça, em alguns aspectos houve retrocesso.

Editorial publicado nesta terça-feira em O Estado do Maranhão

1 comentário para "Não deslanchou"


  1. Marco Aurélio D'Eça | Diferentes decepções

    […] disse o jornalista Daniel Matos, “a prática não seguiu o discurso”, referente à gestão atual da […]

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS