Chegada de Paulo Vitor à presidência da Câmara Municipal de São Luís deve provocar mudanças na relação entre Executivo e Legislativo
Os dois lados da moeda. Se a filiação do prefeito de Eduardo Braide, ao PSD, somada à aproximação do PRB, colocam o gestor em uma posição de boa competitividade para disputar a reeleição, em 2024, olhando por outro prisma, a chegada do vereador Paulo Victor (PCdoB) à presidência da Câmara Municipal deverá obrigar o prefeito de São Luís a repensar a forma como conduz a gestão municipal.
Com presença e propósitos distintos do atual presidente, vereador Osmar Filho (PDT), que a partir de 31 de dezembro deixa os quadros do legislativo municipal rumo ao parlamento estadual, Paulo Victor deixa claro, em sucessivos pronunciamentos, que o Poder Legislativo municipal, enquanto Poder, será prioridade sob seu comando.
Sabemos que o caminho será longo e tortuoso, mas gozando da simpatia dos seus pares e, ainda, do governador Carlos Brandão(PSB), o futuro presidente da Câmara, por seu estilo arrojado, incentivo a um maior investimento na qualificação técnica e obstinação já desponta com alguns trunfos. E os fatores citados, combinados de forma equilibrada, podem ser o combustível propulsor para levá-lo ao Palácio La Ravardiére daqui a dois anos.
A importância da Câmara
Sem sombra de dúvida, por causa do grande número de candidatos a uma das 31 vagas à Câmara Municipal de São Luís, a quarta mais antiga do país, a disputa do mandato de vereador no maior colégio eleitoral do Maranhão sempre foi acirrada. Apontado como o político mais próximo do eleitor, o edil municipal representa a porta de entrada para que as ações do poder público, atendendo o pleito do cidadão e das entidades civis, cheguem à comunidade.
O individualismo, a centralização e o desrespeito ao parlamento, infelizmente, têm marcado a gestão do prefeito Braide. Contudo, em 2023, sob pena de inviabilizar seu projeto político para 2024, essa relação deverá ser revista. Em vários momentos da história política, o parlamento da capital teve papel decisivo no processo sucessório no Executivo estadual, feito repetido em 2022, quando o apoio de mais de 70% dos vereadores de São Luís assegurou à reeleição do governador Carlos Brandão ainda no primeiro turno.
Dos 1.769.187 votos válidos (51.19%), Brandão obteve, em São Luís, nada menos do que 256.029 mil(45,57%). Levando em conta os 142.171 mil votos dos 31 eleitos em 2020, e a declaração de apoio de 22 com seus 99.519,7 mil votos, em uma análise matemática simples, conclui-se que mais de 35% da votação de Brandão em São Luís foi uma conquista dos vereadores.
Desta feita, mesmo com os últimos movimentos junto ao PSD e o PRB, contando, a partir de então, com o apoio de apenas 3 dos 31 vereadores, exceto que seja doido, inábil ou adepto de São Tomé, o prefeito vai permitir que, sob a batuta de Paulo Victor, a ausência de diálogo com os atuais inquilinos do Palácio Pedro Neiva de Santana coloque em cheque o projeto de reeleição, razão pela qual é grande a expectativa na mudança comportamental de Braide a partir de janeiro. Vamos aguardar!