Feminicídio: homem que matou ex-companheira que rejeitou reconciliação é condenado a 19 anos de prisão em Porto Franco

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Magistrada ressaltou importância da participação do Judiciário e da própria sociedade no combate à violência contra a mulher

Um homem acusado de ter assassinado a ex-mulher foi condenado em Campestre do Maranhão, recebendo a pena de 19 anos e 5 meses de prisão. A sessão, realizada na Câmara de Vereadores, teve a presidência da juíza Alessandra Lima, titular da 2ª Vara da Comarca de Porto Franco. O júri, realizado nesta quinta-feira (22), teve como réu Antônio Raimundo Cardoso Lima. Ele cumprirá a pena, inicialmente, em regime fechado. A denúncia do caso destacou que o crime ocorreu em julho do ano passado, na casa da vítima, que fica no centro de Campestre.

Constou no inquérito policial que, em 21 de junho, cinco dias antes do assassinato, a vítima  Antônia Francisca de Oliveira compareceu na sede da Delegacia de Polícia de Porto Franco, afirmando ter sido vítima de agressões físicas e ameaças praticadas pelo ex-companheiro, com quem teria convivido por um período de cinco anos. Eles estavam separados há dois meses. Na ocasião, a vítima narrou ter chegado ao seu conhecimento algumas ameaças proferidas pelo denunciado, ordenando que a vítima o desbloqueasse do aplicativo de mensagens. Daí, ela teria bloqueado o denunciado com o objetivo de livrar-se das perseguições sofridas, visto que o agressor não aceitava o fim do relacionamento.

A mulher esclareceu, ainda, que quando se arrumava em sua residência para ir até a delegacia, o denunciado apareceu no local dizendo para que ela pensasse duas vezes antes de denunciá-lo. Por fim, a vítima narrou já ter sido agredida diversas vezes pelo denunciado, detalhando eventos com o uso de pedras, agressões com ferro, fratura da clavícula e, por fim, teria sido lesionada no pé com uma cerâmica, o que a deixou três meses sem andar. Diante das narrativas, a Polícia Civil representou judicialmente pela aplicação de medidas protetivas em benefício da vítima, ordenando que o denunciado não se aproximasse da ofendida ou mantivesse qualquer contato com ela.

A denúncia ressaltou que uma testemunha passava na frente da residência da vítima, quando visualizou Antônio chegando na condução de uma motocicleta, cor vermelha, trazendo consigo uma mochila nas costas. Por já ter conhecimento da postura do denunciado em não aceitar o fim do relacionamento, inclusive ciente das ameaças sofridas pela vítima, a testemunha resolveu permanecer em frente à residência, tendo iniciado uma conversa com outra pessoa.

BARULHO DE GRITOS E TIROS

A testemunha declarou que, passados cerca de cinco minutos da chegada do denunciado à casa da ex-companheira, escutou gritos da vítima e disparos de arma de fogo. A outra pessoa também declarou ter escutado os tiros, tendo saído para buscar ajuda. Ao retornar, o denunciado não estava mais no local. Por fim, afirmou ter entrado na casa, encontrando a vítima caída, de bruços, sem roupa. O denunciado foi preso, alguns dias depois, na cidade de Ribamar Fiquene. Ele ficou calado durante o interrogatório. Diversas testemunhas confirmaram o histórico de perseguição de Antônio em relação à ex-mulher.

A magistrada destacou o papel da Justiça em dar respostas à sociedade, principalmente nos crimes praticados contra a mulher. “É importante a participação do Judiciário, e no caso do julgamento pelo Tribunal do Júri, da própria sociedade, no combate à violência contra a mulher”, ressaltou Alessandra Lima, frisando que não há mais juris marcados para este ano na unidade judicial.

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