Internautas relatam viagens traumáticas em ferryboat e reforçam preocupação com gratuidade do serviço na eleição

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Passageiros amontoados em terminal após recente pane que obrigou a embarcação José Humberto a interromper viagem e voltar à plataforma

Faltando um dia para o início da gratuidade no transporte por ferry-boat que opera entre São Luís e a Baixada Maranhense, uma série de relatos publicados em redes sociais por internautas que utilizaram o serviço recentemente reforça a preocupação quanto a consequência da medida, adotada pelo Governo do Estado a pretexto de facilitar o deslocamento de eleitores para votar. A maioria dos comentários a demora e o desconforto nas viagens, principalmente na embarcação José Humberto, e até quem mencione risco de uma tragédia.

As manifestações tiveram como ponto de partida um texto postado pelo DJ de reggae Diego Rastaman em que ele narra o sufoco que passou durante a travessia da Baía de São Marcos, no José Humberto, ao retornar à capital após uma viagem de trabalho ao município de Bacuri. Segundo o internauta, foram nada menos do que cinco horas entre os terminais do Cujupe e da Ponta da Espera. Ele mencionou ainda o episódio em que a embarcação teve que abortar uma viagem porque um dos motores parou.

Após a experiência traumática, Diego crítica a gestão do transporte aquaviário, feita pela Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB), e recomenda que ninguém utilize o José Humberto, balsa alugada no Pará, recauchutada e adaptada para operar no Maranhão como ferryboat, apesar de ter navegado apenas em rios desde quando foi fabricada, há quase quatro décadas. “Espero que esses péssimos administradores resolvam logo esse super problema”, solicitou, antes de concluir seu relato com um apelo aos demais usuários. “Sugiro que não embarquem no ‘ferryboat’ José Humberto’ Meu conselho é que esperem o que vier depois dele”, recomendou, acrescentado que durante o trajeto viu dois ferryboats atravessando a baía rumo a São Luís, tamanha a lentidão da embarcação paraense.

As respostas ao relato de Diego foram unânimes quanto a má prestação do serviço e a incapacidade do José Humberto de transportar passageiros e cargas na rota São São Luís – Baixada. “Esse aí nunca mais eu pego. Doído, rapaz!”, escreveu o internauta que se identifica como Marcelo Robô. “Já aconteceu comigo também. Não viajo mais nele”, corroborou Deca Louzeiro. “Eu passei 10 horas no meio do mar”, relembrou Pereira G. Correia Pereira, outro internauta.

Tragédia anunciada

Em meio aos sucessivos comentários, houve quem alertasse sobre o risco de acontecer o pior. “Todo mundo vem avisando sobre essas latas velhas e as autoridades não tomam providência. Tragédia anunciada, e ninguém faz nada, ninguém se importa. A população, coitada, que não tem outro jeito, tem que se submeter aos perigos “, lamentou Carlos Filho. “Sabe quando eles vão receber esse problema? Quando, Deus livre, acontecer uma desgraça. E sabe o que é mais revoltante? Pensar que existem recursos para isso. No fim, os prejudicados são os passageiros e os carros que fazem parte da cooperativa dos transportes que trabalham todos os dias para garantir o sustento e o pão de cada dia”, repudiou Vanessa Ferreira, recordando que também já passou por uma situação de desespero em alto mar, em que o motor parou e todos ficaram em pânico.

Na mesma linha, Edna Barros expôs sua opinião. “Todos esses relatos são avisos. Tudo o que está acontecendo com esses ferries são avisos e as autoridades não tomam providências” assinalou.

Referindo-se especificamente ao movimento de passageiros nos dois terminais de ferryboat nos dias de gratuidade, por causa do 2º turno da eleição, Nelson Maciel fez uma previsão alarmante e perturbadora. “Imagina o inferno que vai ser o fim de semana da eleição. Vai ser muita gente arrependida e enganada. Foi só a eleição (estadual) acabar para os problemas dos ferryboats voltarem”, registrou.

A título de informação, o transporte aquaviário entre os terminais da Ponta da Espera será gratuito para pessoas e veículos neste sábado (29), domingo (30) e segunda-feira (31), até meio-dia. A medida, a princípio, agrada passageiros, enquanto as empresas que operam as embarcações estão contrariadas com a perda de receita em plena crise do serviço.

Divergências à parte, espera-se que o processo seja muito bem conduzido pelo governo, para que ao fim de tudo, a insatisfação não seja generalizada.

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