Depois de sucatear o transporte por ferryboat e detonar uma crise no serviço, com a intervenção na Serviporto, o Governo do Maranhão vai gastar mais de R$ 28 milhões na execução de uma obra de infraestrutura no Terminal do Cujupe, em Alcântara. De acordo com a resenha do contrato, publicada no Diário Oficial do Estado no dia 2 deste mês, a quantia milionária será paga a uma construtora de São Luís, sediada no bairro Quintas do Calhau, para a recuperação dos taludes 01 e 02, que são planos de terreno inclinado em rampa com função principal de garantir a estabilidade do aterro e das embarcações na plataforma de embarque e desembarque.
Ao propagandear o que chama de “investimentos em melhorias infraestruturais”, o governo maranhense acirra a polêmica envolvendo a má gestão do transporte aquaviário que opera entre a capital, a partir do Terminal da Ponta da Espera, e a Baixada Maranhense, via Cujupe. Se o Estado dispõe de recursos tão abundantes para gastar no serviço, por que não aplicá-los, também, em embarcações verdadeiramente eficientes, que ofereçam conforto e, sobretudo, segurança aos usuários? Em meio às filas de espera gigantescas, à falta de vagas em viagens e às sucessivas panes em plena travessia, devidamente registradas em áudios, fotos e vídeos, a prioridade não seria otimizar a operação dos ferryboats?
O caso específico da intervenção na Serviporto, decretada em fevereiro de 2020 pelo então governador Flávio Dino (PSB), e prorrogada já por três vezes, a última delas em junho deste ano, ganha ainda mais evidência por seu despropósito, diante de um gasto tão exorbitante, anunciado exatamente um mês antes da eleição em que o governador Carlos Brandão (PSB) tentará renovar o mandato por mais quatro anos.
Intervenção e perseguição
Ao confiscar os três ferryboats e dilapidar outros bens do patrimônio da empresa, interferir na gestão outrora privada, se apropriar do faturamento e deixar de honrar compromissos financeiros, endividando a permissionária em cifras que superam os milhões, o Governo do Estado precarizou o serviço, que operava regularmente antes do decreto, considerado por muitos um ato de perseguição.
Enquanto gasta mais de R$ 28 milhões no Terminal do Cujupe, que até onde se sabe não apresenta nenhum risco que demande solução emergencial, o governo herdado por Carlos Brandão de Flávio Dino segue oferecendo a milhões de maranhenses embarcações de procedência questionável, sem aval transparente da autoridade marítima e recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para retirada de circulação de pelo menos uma delas.
O pouco caso com um serviço tão importante para a mobilidade e que deve funcionar de forma impecável para garantir até mesmo a vida de passageiros e tripulantes seria fruto do vale tudo eleitoral, já que, no momento, tanto o atual governador, quanto o seu antecessor se didicam de corpo e alma à campanha política?
O vídeo abaixo mostra o ferryboat Cidade de Tutóia, da Serviporto, sucateado e abandonado pelo Governo do Maranhão na Baía de São Marcos:
Abaixo, a resenha do contrato: